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Fumódromo na Câmara cria nova rixa entre deputados

R7

Não é apenas a discussão de propostas para o país que traz duros embates entre os deputados na Câmara Federal, em Brasília. Questões internas e que passam longe dos olhos dos eleitores também ocupam o tempo e a cabeça dos representantes. A mais recente e curiosa rixa surgida agora é causada pela fumaça de cigarro que se espalha pelo cafezinho do plenário.

Tradicional espaço de convivência, é o recinto onde os deputados costumam lanchar, bater papo, assistir à TV e navegar na internet nos intervalos ou até em meio às votações, que ocorrem ao lado. Diferentemente de São Paulo, Rio e outros Estados, o Distrito Federal restringe o fumo apenas em locais públicos e fechados e permite a existência de fumódromos.

Nos últimos dias, o deputado Zé Vieira (PR-MA), incomodado com a fumaceira, colheu mais de 70 assinaturas dos colegas para retirar um fumódromo instalado do lugar. O documento foi entregue ao presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), que ainda não tomou providência sobre o assunto.

Na ampla sala, a casinha de vidro é composta por uma mesa redonda onde ficam quatro cinzeiros, rodeada de quatro bancos para os dependentes do tabaco. No teto, há um exaustor, que liga automaticamente quando alguém entra no espaço, de aproximadamente 4 m². Dentro, há até uma placa explicativa dizendo: “plataforma para até quatro pessoas e possui uma tecnologia capaz de impedir a transposição da fumaça”. Na prática, porém, o espaço vive lotado e acaba não funcionando.

Além dos potenciais danos à saúde dos fumantes passivos, Vieira reclama do incômodo da fumaça que vem da redoma, quase sempre esbranquiçada.

- Ali é um lugar de alimentação, muita gente vai assistir a jogos. E é um lugar de descanso para os deputados, muitas vezes a gente começa de manhã e vai até as 23h. Como tem gente que tem alergia a fumo, passa mal, vai parar no hospital, mas não tem coragem de falar.

Ele diz que o fumódromo deve ser colocado “em outro canto”. Na própria Câmara, há um espaço idêntico localizado no anexo 2, entre os plenários das comissões e o bandejão. Bastante frequentado por funcionários e visitantes, fica a um passo da saída para uma área externa.

Fumante e assíduo frequentador do fumódromo do cafezinho, o deputado Antonio Roberto (PV-MG), árduo defensor do meio ambiente, diz ser contrário à proibição de fumar na Câmara. Até topa mudar a casinha de lugar, mas não banir a fumaça.

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- Pode até aperfeiçoar, mas acabar com ele não, uai. Põe em outro lugar, mas simplesmente acabar não. Na minha opinião, não é democrático.

Regras

A regra local acaba por beneficiar os fumantes. Embora tenha sido a primeira unidade da Federação no país a adotar uma lei antifumo, no início dos anos 90, o Distrito Federal só proíbe o cigarro em restaurantes.

No fim de 2009, os deputados distritais (da Câmara Legislativa do Distrito Federal) até chegaram a discutir uma lei mais rígida, inclusive banindo os fumódromos. Com o lobby de restaurantes, repartições e hotéis, porém, a proposta sequer entrou em votação e acabou arquivada na nova legislatura
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