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Aluno de 16 anos joga carteira escolar em professora e é suspenso

G1

Um aluno arremessou uma carteira escolar contra uma professora em uma escola de Guaimbê, município da região de Marília, no interior de São Paulo, na manhã desta terça-feira (15). Ele foi suspenso por seis dias, conforme informou a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Educação.

A agressão aconteceu em uma escola estadual durante a aula de matemática. A professora conta que tudo começou quando ela pediu para um aluno parar de conversar. Foi aí que outro estudante começou a ofendê-la com palavrões.

De acordo com a pasta, o adolescente de 16 anos foi afastado pelo conselho escolar da Escola Estadual José Belmiro da Rocha. Na mesma nota, divulgada nesta quarta (16), o setor de comunicação da Secretaria informa que Sandra Inês Ferreira Barreto Bontempo, que leciona matemática na escola, “ficará afastada de suas funções para recuperação.”

A professora Sandra Bontempo afirma que estava abrindo a porta da sala para chamar a diretora quando o jovem, de 16 anos, a atacou com uma carteira. A professora prestou queixa na polícia, fez exame de corpo de delito e foi atendida no hospital para fazer um curativo.

Depois da confusão, o aluno ainda teria ameaçado as conselheiras tutelares que registraram um boletim de ocorrência. Por precaução, elas preferiram não gravar entrevista.

Segundo a PM, o adolescente já causou problemas em casa e na escola. A Polícia Civil vai ouvir os envolvidos e avaliar se instaura inquérito. A escola vai reunir o Conselho de Pais e professores para decidir qual a penalização que o aluno vai sofrer.

A última pesquisa feita pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) mostra que 38% dos professores já presenciaram a troca de ameaças entre alunos e que 44% já assistiu estudantes ofendendo os docentes. A pesquisa ouviu cerca de 300 professores da região de Marília.

O aluno

Pelo fato de ser menor de idade, o boletim de ocorrência registrado na polícia não pode virar inquérito contra ele. Por telefone, o adolescente concedeu entrevista ao G1, com a autorização de sua mãe e de seu irmão. Ele estava na delegacia de Guaimbê e afirmou que errou ao xingar e agredir a professora.

“Eu perdi a cabeça. Ela foi chamar a atenção de um aluno para falar mais baixo, mas gritou. Como eu estava com dor de cabeça falei para ela falar mais baixo. Mas ela alterou a voz e falou mais alto. Então a xinguei. Ela disse que xingou também e foi saindo da classe para ir à diretoria. Eu então peguei a carteira e empurrei para impedir a ida dela para lá, mas acabou acertando ela. Não tive intenção de machucá-la. Eu errei, deveria ter ficado calmo”, disse o adolescente.

Demonstrando arrependimento, o aluno disse que vai pedir desculpas a Sandra num momento oportuno. “Não gosto de estudar. Escola não é muito para mim. Prefiro sair da escola e procurar um trabalho. Mas vou me desculpar pessoalmente com ela. Isso se eu não for expulso ainda”, disse o aluno, que mora com a mãe e um irmão mais novo e já repetiu a sétima séria por faltas.

Há cerca de um mês, uma conselheira tutelar também registrou um boletim de ocorrência contra o aluno. Esse por desacato. O garoto teria xingado a mulher porque ela o repreendeu após ele ter sido pego fumando no banheiro da escola.

Professora

Procurada para comentar o assunto, a professora Sandra afirmou que não vê problema em voltar a dar aulas para o estudante que a agrediu. “Ele é aluno. Errou em me agredir. Não tem justificativa para agressão. Mas se ele voltar a estudar comigo, o tratarei como todos os outros alunos. A culpa maior não é dele, mas do sistema educacional em São Paulo que aprova o aluno por presença. A progressão xontinuada faz com que o aluno perca o interesse em aprender e perca o respeito pelo professor”, disse a professora.

A assessoria de imprensa da Secretaria da Educação também foi procurada pelo G1 para comentar as críticas da professora ao sistema de ensino paulista. O setor de comunicação informou que iria avaliar o comentário da professora para saber se posicionaria sobre o assunto.

Ainda reclamando de dores na região da cintura, Sandra afirmou que nunca havia tido qualquer problema com o aluno antes. “Eu havia pedido silêncio na classe e ele me mandou me xingou. Quando eu ia para a diretoria, ele tentou jogar a carteira na minha cabeça, mas acertou o lado esquerdo da minha barriga. Exame de corpo delito mostrou que tive escoriação na região. Algo precisa ser feito porque existem muitos alunos-problema na classe que ele estuda. Decidi registrar queixa para que isso sirva de exemplo contra os maus alunos. Alguns professores dizem que a classe onde dou aula parece uma jaula”.

Outros casos

Segundo a Polícia Militar de Guaimbê, policiais sempre atendem a ocorrências envolvendo desentendimento entre alunos e professores e alunos e diretoria.

A última pesquisa feita pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) mostra que 38% dos professores já presenciaram a troca de ameaças entre alunos e que 44% já assistiram estudantes ofendendo os docentes. A pesquisa ouviu cerca de 300 professores da região de Marília.

“Ele precisa ir rezar, procurar Deus”, disse ao G1 o irmão do adolescente, um pastor de 22 anos de idade que pediu para não ser identificado. Ele e a mãe acompanhavam o garoto na delegacia. A mulher não quis falar.

Nota da Secretaria da Educação

Leia a íntegra do comunicado:

"A Secretaria de Estado da Educação lamenta agressão praticada por um aluno contra a professora de classe na Escola Estadual José Belmiro da Rocha, em Guaimbé. É importante esclarecer que este foi um caso isolado que não reflete o cotidiano da unidade. A escola realiza trabalho permanente de prevenção a conflitos, proposto pelo programa Sistema de Proteção Escolar da Secretaria na presença de um professor mediador. Também aos finais de semana o corpo estudantil, familiares e a população do entorno participam de oficinas gratuitas oferecidas na unidade pelo Programa Escola da Família a fim de promover o fortalecimento dos laços entre a comunidade e a escola. Todas as medidas em relação ao estudante agressor já foram tomadas. O conselho escolar determinou a suspensão do adolescente por seis dias. A professora agredida ficará afastada de suas funções para recuperação."

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