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Visita de Obama fecha Amarelinho pela 1a vez em 50 anos

G1

Uns vão trazer os filhos, outros a namorada e alguns até gostariam de vir mas moram longe. Às vésperas do discurso do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na Cinelândia, a única tristeza na praça que servirá de cenário para o evento é o fechamento do bar Amarelinho, pela primeira vez em 50 anos.

'A prefeitura passou hoje aqui mandando fechar o restaurante. A gente nunca fechou, vai ser a primeira vez', desabafou o gerente Luis Carlos Canedo.

O argumento para o fechamento, segundo Canedo, é de que os agentes de Obama não teriam como manter a segurança interna do bar, 'porque poderia vir algum terrorista e se explodir aqui dentro', informou nitidamente contrariado.

Ele previa mais que dobrar o faturamento no domingo e conseguir algo em torno dos 12 mil reais. 'Agora quero saber e já perguntei à prefeitura, quem vai ressarcir isso?'

Fundado em 1921, o Amarelinho não fechou na famosa passeata dos 100 mil contra a ditadura militar que lotou a Cinelândia em 1968. O bar está sempre aberto no Carnaval, quando duas milhões de pessoas desfilam no Cordão do Bola Preta e passam em frente a ele. Segundo Canedo, apenas no dia 25 de dezembro é feito uma pausa para descanso dos garçons.

'Essa é a melhor hora para a gente faturar e eles fazem isso', reclamou também o comerciante de rua Antonio Araújo, 58 anos, que não vai poder vender sua pipoca nas imediações. Do lado dele, no entanto, o motorista de táxi Antonio Ulisses de Oliveira Filho sorri de orelha a orelha já prevendo o aumento de faturamento com a festa para Obama.

'Para nós vai ser uma maravilha, Obama é Obama, todo mundo esperava por ele e o movimento vai ser bom', prevê, comentando a popularidade do presidente norte-americano que já tem um sósia brasileiro aproveitando essa popularidade em aparições furtivas na Cinelândia nos últimos dias.

A ordem para o fechamento de todos os estabelecimentos comerciais no entorno da Cinelândia é apenas um dos itens do forte esquema de segurança que está sendo montado para receber o presidente norte-americano em praça pública em sua primeira visita ao Brasil.

PREVISÃO DE CHUVA

Mesmo sem pode trazer mochilas ou qualquer utensílio cortante que possa despertar suspeita à segurança de Obama, muitos cariocas estão dispostos a comparecer na praça para ouvi-lo discursar, mesmo que caia um pouco de chuva, como está previsto.

'Eu vou trazer a minha namorada. A gente foi para os Estados Unidos agora e não vi (Obama). Agora vou ver', argumentou Pedro Henrique, estagiário do curso de Direito de 20 anos.

Mas nem todos estão animados para ouvir o presidente norte-americano, que deve ter suas falas legendadas e colocadas em telões.

Desde 1964 instalada em frente ao Teatro Municipal, uma barraquinha de panfletagem política que se diz apartidária, comandada por Antonio Santana, não estará montada no domingo.

'Eu vou estar longe daqui, não vou somar metro quadrado para ele', se irrita Santana, que vê na visita um complô imperialista para tomar as riquezas do Brasil.

'Ele quer apoio do povo brasileiro que nessa hora se mostra massa de manobra. Ele veio pedir, com a complacência dos nossos governantes, ao povo para que apoie a entrega do nosso petróleo, principalmente petróleo do pré-sal', declarou.

O empresário Francisco Rodrigues, 57 anos, também não vai sacrificar o domingo de descanso para ver Obama discursar.

'Não tem nada a ver com a minha história e nem com a história do país', disse Rodrigues. Para ele, a intenção de Obama é se reaproximar do governo brasileiro, 'porque o governo Lula se afastou um pouco e a presidente Dilma (Rousseff) está se aproximando mais'.

Já uma amiga de Rodrigues, Gilzete da Costa Guimarães, 43 anos, tem outro motivo para não comparecer ao evento. 'Nada a ver vir aqui fazer discurso, pra quê? A maioria não sabe nem inglês, e mesmo que tenha legenda, não vai ter nem barzinho para tomar uma cervejinha', explicou a carioca.
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