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'Falha de equipamento é provável', diz Crea-RJ após vistoria na Ponte

G1

O Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) concluiu na tarde desta sexta-feira (18) a vistoria técnica na Ponte Rio-Niterói, em consequência da explosão na subestação de energia que abastece a Ponte Rio-Niterói que causou a morte do eletricista Darlan Aguiar da Silva, e deixou outros dois funcionários da empresa Álamo Engenharia feridos.

"O mais provável é que tenha havido falha de equipamento", disse o coordenador da Comissão de Análise e Prevenção de Acidentes do Crea-RJ, Luiz Antonio Cosenza, ao G1 após a vistoria. "Tudo indica que o sistema de proteção de manobra não funcionou, já que até a subestação da Light no Campo de Marte, em São Cristóvão, desligou", completou Cosenza, acrescentando que esse fato reforça a "suspeita de que, a princípio, houve falha de equipamento".

Para ilustrar o ponto de vista do Crea, Cosenza comparou o acidente na Ponte com um problema elétrico doméstico. "Em casa, quando há um problema elétrico, ou o disjuntor desarma ou você, antes de mexer, desliga o disjuntor. No caso da Ponte, esse mecanismo de proteção não funcionou e acabou atingindo a subestação da Light, fora da Ponte".

Ainda de acordo com o coordenador do Crea, o local onde está instalada a subestação da Ponte é de difícil acesso, o que poderia ter dificultado a fuga dos técnicos. "A subestação fica no subsolo, com acesso feito por uma escada muito íngreme, que temos que passar quase de lado. Se alguém precisasse sair dali correndo seria muito complicado. E eles já estão estudando a possibilidade de fazer uma nova subestação", afirmou.

O coordenador do Crea, no entanto, não descartou ouvir responsáveis técnicos da Ponte, da Álamo e até mesmo da Light, "se necessário", antes de concluir a avaliação, que não tem prazo para ser finalizada. "Vamos nos reunir para saber quais os próximos passos. Ainda está tudo muito incipiente", disse Cosenza.

Enterro em São Gonçalo
O corpo do eletricista Darlan Aguiar da Silva, que teve quase 100% do corpo queimado no acidente, foi enterrado na tarde desta sexta, no cemitério Parque da Paz, no bairro Pacheco, em São Gonçalo, na Região Metropolitana.

Outros dois eletricistas da empresa terceirizada Álamo Engenharia sofreram queimaduras no acidente na subestação de entrada principal de energia da Ponte Rio-Niterói. O acidente ocorreu no início da madrugada de quarta-feira (16), e causou a queda de energia na via. Segundo a concessionária CCR Ponte, eles realizavam serviços de manutenção no momento do acidente.

Um dos feridos, que está no Hospital Souza Aguiar, no Centro do Rio, está internado no Centro de Tratamento de Queimados, e seu quadro de saúde é estável e sem previsão de alta. De acordo com a Secretaria municipal de Saúde, ele teve 27% do corpo queimados. Sofreu queimadura por ação direta e por inalação na face, nas costas e nos braços.

O outro funcionário atingido no acidente está internado no CTI do Hospital Rio Laranjeiras, em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio. Segundo informações do hospital, ele está em estado crítico, com queimaduras de terceiro grau em 35% do corpo: no rosto, nas vias aéreas e nos braços. Ele está sedado, respira com o auxílio de aparelhos e passar por procedimentos cirúrgicos para fazer curativos.

Polícia investiga causas do acidente
Segundo a delegada Monique Vidal, titular da 17ª DP (São Cristóvão), onde o caso foi registrado pelo administrador da ponte, o responsáveis serão chamados para informar se as empresas cumpriam as normas de segurança e se os funcionários feridos usavam equipamentos adequados ao trabalho que realizavam.

A assessoria da Ponte informou que "está colaborando com as autoridades responsáveis pela investigação das causas do acidente, e também está acompanhando de perto o tratamento prestado aos feridos, que foram encaminhados ao hospital municipal Souza Aguiar e posteriormente removidos para hospitais particulares".
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