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Número de homossexuais assassinados no Brasil é "absurdo", diz ministra de Direitos Humanos

R7

A ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, classificou o número de homossexuais assassinados todos os anos no Brasil como “absurdo”. Nesta segunda-feira (4), o GGB (Grupo Gay da Bahia) divulgou um relatório que mostra que um homossexual é morto a cada 36 horas no país.

De acordo com a ministra, a intenção do Governo é reduzir o número de casos até a segunda quinzena de dezembro deste ano, quando vai ocorrer a 2ª Conferência Nacional LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais).

Ela afirmou ainda que, embora o governo venha enfrentando a homofobia e atuando para reduzir o preconceito e a violência, o país ainda precisa “fazer uma grande investida” contra manifestações preconceituosas, que, segundo ela, muitas vezes acabam por levar ao assassinato de homossexuais e à impunidade dos criminosos.

Sem citar nomes, Maria do Rosário criticou políticos que, segundo ela, se valem do fato de não terem que responder à Justiça comum para expressar o preconceito.

- É um absurdo o comportamento homofóbico de algumas autoridades que fazem o discurso da violência contra homossexuais e permanecem impunes, utilizando indevidamente a imunidade parlamentar.

Relatório

De acordo com o relatório divulgado pelo GGB um homossexual é morto a cada 36 horas e esse tipo de crime aumentou 113% nos últimos cinco anos. Em 2010, foram 260 mortos. Apenas nos três primeiros meses deste ano foram 65 assassinatos.

De acordo com o levantamento, que é feito todos os anos pelo grupo, desde 1980, o Estado que mais concentrou os homicídios foi a Bahia, com 29 registros. Em seguida, está o Alagoas, com 24, e São Paulo e Rio de Janeiro, com 23 cada um. O estudo é realizado com base em notícias publicadas em jornais e sites.

Ainda segundo o GGB, foi o Nordeste que concentrou 43% dos homicídios contra este grupo. Segundo o antropólogo Luiz Mott, fundador do GGB, o risco de um homossexual ser assassinado no Nordeste é aproximadamente 80% maior.

Denúncia

A organização não governamental promete denunciar o governo brasileiro à CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos) da OEA (Organização dos Estados Americanos) e à ONU (Organização das Nações Unidas) por crime de prevaricação e lesa humanidade contra os homossexuais.

Nesta terça-feira (5), após participar de uma conferência da Escola Superior do Ministério Público da União a ministra convidou os representantes do Grupo Gay da Bahia ao diálogo. A conferência discutia a experiência internacional da criação de comissões responsáveis para apurar crimes contra os direitos humanos cometidos durante regimes autoritários, as chamadas Comissões da Verdade.
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