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Notícias / Ciência & Saúde

Instituto Butantan dá ao Brasil autosuficiência na produção de vacinas contra gripe

G1

A Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe começa no próximo dia 25. Em São Paulo, o Instituto Butantan já concluiu a fase mais importante da fabricação da vacina nacional.

Foram dez anos de aprendizado e R$ 100 milhões investidos no laboratório e o Instituto Butatan tem agora o domínio completo da fabricação da vacina contra a gripe. Nos tornamos autosuficientes e capazes de atacar qualquer variação do vírus.

“Pode ser a gripe aviária, que nos aterrorizou há algum tempo, ou a suína ou a que seja, nós podemos fazer qualquer tipo”, explica o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil.

Logo na entrada, é possível entender por que foram precisos três anos só para certificar o laboratório com padrões internacionais de segurança. O repórter Rodrigo Alvarez entrou, protegido, no laboratório. Com toda a precaução, porque é uma área de risco e o vírus da gripe circula pelo ambiente. Basta tocar em alguma coisa para ser contaminado. Outro risco é que o contato humano pode estragar a vacina.

Com pressão atmosférica negativa, o ar não sai do laboratório e jamais entra em contato com o ar que respiramos na cidade. Se o vírus por acaso ficasse espalhado pelo ar, seria atraído para o filtro que evita que ele vá para fora do laboratório.

Ovos de galinhas criadas com ração especial e sem antibióticos recebem microinjeções com o vírus da gripe. Durante três dias, ele se multiplica e os técnicos retiram do ovo um líquido contendo milhões de unidades do vírus. Em seguida, centrífugas de última geração separam as impurezas, o vírus é fragmentado e se torna inativo.

“É como se tivesse morto, então o vírus não tem capacidade de causar doenças”, ressalta uma funcionária do laboratório.

Até o ano passado, todo esse processo era feito na Europa. Pela primeira vez na história, uma vacina contra gripe é produzida 100% no Brasil. O resultado da produção são concentrados com três tipos de vírus, que, depois de processados, vão produzir milhões de doses de vacinas que serão usadas na campanha de vacinação deste ano.

Depois de embalado, o primeiro lote vai para a vacinação dos idosos, mas até o fim do ano o Butatan pretende produzir 20 milhões de doses de vacina capaz de atender toda a demanda do Brasil. E com tanta tecnologia nas mãos, o diretor do instituto já pensa em outras vacinas.

“O próximo passo é a dengue. E depois o rotavírus, porque o ele causa muita diarréia nas crianças no Brasil”, afirma Kalil.
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