Imprimir

Notícias / Mundo

UE defenderá maior regulação financeira na cúpula do G20

EFE

A UE (União Europeia) vai defender na cúpula do G20 (grupo que reúne os países ricos e os principais emergentes), que acontece nesta quinta-feira em Londres (Reino Unido), a definição de regras mais rígidas para os mercados financeiros e a intensificação do combate aos paraísos fiscais.

Os membros europeus do G20 --Alemanha, França, Itália, Reino Unido e a UE como bloco--, além de Espanha e Holanda, que vão como convidados embora oficialmente não façam parte do grupo, pretendem aproveitar a oportunidade para começar a diminuir as brechas regulatórias que, segundo eles, estão na origem da crise financeira.

Anfitrião do encontro, o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, afirmou em discurso no Parlamento Europeu que "todas as partes do sistema financeiro devem ficar sob supervisão".

Segundo Brown, "é preciso criar um novo capitalismo moral, baseado na justiça e na responsabilidade, que premie o trabalho duro, e não os excessos irresponsáveis".

Para a Europa, essa deve ser agora a prioridade, e não a injeção de mais dinheiro na economia para lutar contra a desaceleração, como pediram os Estados Unidos.

Os membros da UE não querem seguir aumentando os déficits públicos --já muito altos em algumas nações do continente--, e preferem esperar para ver o resultado dos planos de recuperação econômica adotados antes de voltar a realizar novos gastos.

O que os europeus preferem, e defenderão em Londres, é a rápida aplicação das medidas de incentivo fiscal e a permanente coordenação internacional neste âmbito.

Também reiterarão sua oposição a "qualquer forma" de protecionismo como resposta à crise, e na conveniência de concluir o mais rápido possível a Rodada Doha de liberalização do comércio mundial.

No âmbito da regulação, uma das principais reivindicações europeias é reforçar o FMI (Fundo Monetário Internacional) e melhorar sua coordenação com o Fórum de Estabilidade Financeira, para que a prevenção a crises seja mais efetiva.

Com o objetivo de garantir que o FMI possa ajudar todos os países afetados pela crise, a UE já anunciou que concederá um empréstimo de US$ 75 bilhões ao organismo, e espera que outros membros da instituição, como EUA e China, façam o mesmo.

Os europeus defendem ainda uma nova divisão de poderes dentro do FMI e do Banco Mundial, que reflita adequadamente o peso econômico dos países-membros, e querem que seus diretores sejam escolhidos "de maneira transparente" e somente "por seus méritos".

No entanto, o principal objetivo da UE é jogar luz sobre todos os produtos financeiros, atores, mercados e territórios que, até agora, estiveram operando com pouca transparência e pouquíssimas normas, segundo seus membros.

Assim, na reunião de Londres, os europeus reivindicarão a ampliação da regulamentação e da supervisão dos "hedge funds" (fundos de proteção, usados principalmente por empresas para se precaver das oscilações cambias) e dos produtos de investimentos 'mais inovadores', e defenderão a regulação e vigilância adequadas das agências de classificação de risco e o combate mais decidido à fraude fiscal.

Em fevereiro, os membros europeus já encomendaram à OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento) a elaboração de uma nova lista de territórios que não colaboram na troca de informação para fins de fiscalização de luta contra a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo.

Somente o medo de pertencer a essa lista, que a OCDE passará aos organizadores da reunião de Londres, já levou alguns países, como Suíça, Áustria e Luxemburgo, a suspender parcialmente o sigilo bancário.

Embora com menos ambição que no caso dos paraísos fiscais, a UE também quer promover mudanças nos esquemas de remuneração dos executivos, para evitar que, como ocorreu no passado, a perspectiva de ganhar bonificações milionárias os incentive a assumir riscos excessivos.

Por último, para aumentar a resistência das entidades, os europeus vão propor o endurecimento das exigências de capital.
Imprimir