O ex-presidente da Argentina, Néstor Kirchner (2003-2007), marido da atual presidente, Cristina, ignorou as divergências políticas e abraçou o vice-presidente opositor Julio Cobos na Câmara, durante o velório do ex-presidente Raúl Alfonsín, 82, morto em decorrência de um câncer de pulmão. A informação foi divulgada pelo jornal "Clarín" que informa ainda que mais de 70 mil pessoas já passaram pelo velório na região do Congresso, em Buenos Aires. Alfonsín será enterrado na tarde desta quinta-feira.

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"Não tenho nenhum problema em abraçar Cobos", disse o ex-presidente em entrevista ao jornal. Kirchner rompeu as relações com Cobos desde que ele derrubou no Senado, em julho do ano passado, um projeto do governo que alterava o cálculo de impostos sobre as exportações de grãos.
De acordo com o jornal, o ex-presidente tentou evitar o encontro, entrando por uma outra porta, mas acabou dando de cara com Cobos que estava acompanhado do filho de Alfonsín, Ricardo. "Por alguns segundos, todos se viraram", disse uma testemunha ao jornal que informa que os dois se deram um abraço.

Kirchner se dirigiu ao Salão Azul para se despedir de Alfonsín e fez alguns minutos de silêncio em sinal de respeito. Pela manhã, várias autoridades discursaram em homenagem ao ex-presidente, inclusive o brasileiro José Sarney, que já foi presidente da República (1985-1990) e, atualmente, preside o Senado.

Sarney disse que Alfonsín foi "um dos homens públicos mais importantes das Américas". "Vim expressar o sentimento de grande admiração do povo brasileiro. Trago o reconhecimento e a amizade do Brasil", disse, de acordo com o jornal argentino "La Nación".

Nesta sexta-feira (3), a presidente argentina irá se reunir com familiares de Alfonsín. Kirchner lamentou a morte do ex-presidente, porém não pôde prestar homenagem pessoalmente porque está em Londres, onde é realizada a cúpula do G20.