Imprimir

Notícias / Economia

Crise pode provocar queda de 31% no fluxo de capitais no Brasil, diz ActionAid

ABr

A organização não-governamental (ONG) ActionAid divulgou hoje (2), em Londres, um relatório segundo o qual a crise financeira internacional poderá gerar este ano queda de 31% no fluxo de capitais no Brasil, em comparação com 2007. Segundo o relatório, isso pode ocorrer porque o Brasil depende muito de capital externo e boa parte do capital que entra no país é especulativo e não produz trabalho no mercado doméstico.

"Temos que reduzir a dependência externa, senão a economia fica muito vulnerável ao que acontece no mundo. E o país pode sentir uma crise dessas de forma muito violenta”, disse o coordenador do Programa de Segurança Alimentar da ONG, Celso Marcatto, em entrevista à Agência Brasil.

As projeções apontam a maior perda de fluxo de capitais este ano em relação ao período pré-crise na África do Sul (-47%), devido à atual situação financeira mundial, seguida da Estônia (-43%), Coréia (-38%), Turquia (-34%), Brasil (-31%), Rússia (-30%) e Índia (-29%). Na África Subsaariana, a queda projetada de 13% no fluxo de capitais equivaleria a uma queda real de renda que poderia chegar a US$ 49 bilhões, diz o relatório da ActionAid.

O documento menciona ainda a evasão de divisas praticada pelas corporações transnacionais, que atinge US$ 160 bilhões em todo o mundo e, segundo a ONG, pode anular a ajuda internacional dada aos países em desenvolvimento. “É preciso combater a evasão fiscal, que é um problema sério nos países em desenvolvimento, e suspender imediatamente as medidas protecionistas que estão sendo implementadas pelo países do Primeiro Mundo, pois vão prejudicar a economia como um todo”, afirmou Marcatto.

Ele disse também que não dá para aceitar, em um momento de crise, que continuem em curso os processos de acordos bilaterais que “podem piorar a situação dos países em desenvolvimento”.

Para a ActionAid, é necessário ainda fazer uma reforma profunda nas instituições financeiras internacionais, para que se tornem mais transparentes e abertas à opinião pública. “Elas têm que ter estrutura de governança mais clara para impedir que situações como a atual crise se repitam e anulem o pouco que se conseguiu nos últimos anos em termos de políticas sociais”, afirmou o coordenador da ONG.
Imprimir