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Notícias / Ciência & Saúde

Pesquisadores tentam minimizar os impactos da pesquisa que encontrou resquícios de agrotóxicos no leite materno

Da assessoria

Aproximadamente 45 dias após a divulgação, os pesquisadores, responsáveis pelo estudo que encontrou traços de agrotóxicos no leite materno de 62 mulheres em Lucas do Rio Verde, se reuniram na tarde da última quarta-feira (27) em Cuiabá com o objetivo de minimizar os impactos produzidos pelo estudo.

De acordo com o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Josino Costa Moreira, não significa que as substâncias encontradas no leite materno não sejam nocivas a saúde humana, “significa que elas não são boas, ou melhor, não são normais no organismo”.

O pesquisador explica que existem evidências de que tais substâncias utilizadas na produção de agrotóxicos causem doenças em animais de laboratório e, naturalmente em humanos. Entretanto, a relação não é tão simples, “tem a substância, ela vai produzir isso”, depende de uma série de fatores, principalmente a quantidade e a dose dos elementos encontrados no organismo.

Em relação a preocupação das mães sobre a continuidade da amamentação, o pesquisador e orientador do estudo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Wanderlei Pignati ressalta que de forma alguma os resultados da pesquisa devem ser utilizados para que as mães deixem de amamentar os filhos. “A amamentação traz muito mais benefícios, inclusive com a presença de alguns componentes imunológicos que ajudam a proteger as crianças das substâncias presentes nos agrotóxicos”.

Ainda segundo Moreira, os alimentos não são a única forma de contaminação, uma vez que, os agrotóxicos podem estar presentes no ar e também na água consumida pela população. Para ele, os resultados servem de alerta para que o poder público e a justiça tomem providências para quebrar o ciclo de contaminação.

De acordo com o secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Lucas do Rio Verde, Edu Pascoski, a realização da pesquisa é o primeiro passo em busca de soluções para o problema que afeta parte da produção agrícola brasileira. Porém, Pascoski ressalta que a questão deve ser discutida de maneira responsável e com a participação dos órgãos competentes, uma vez que o centro do problema não esta em Lucas o Rio Verde.

Segundo o secretário, não adianta a poder público municipal cobrar dos produtores locais, se a maioria dos alimentos consumidos no município vem de outras regiões do País. Pascoski destaca ainda que da maneira como foi mostrado na mídia nacional parece que o problema acontece unicamente em Lucas do Rio Verde. “E não é. O estudo deixa claro que é preciso fazer um levantamento sério sobre a produção de alimentos no Brasil e estabelecer ações efetivas de controle da produção”.
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