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Fumo ativo é a 1ª causa evitável de mortes e o passivo é a 3ª, diz médica

G1

Após o Bem Estar desta terça-feira (3), a cardiologista Jaqueline Issa respondeu a dúvidas da internet sobre tabagismo. Segundo ela, quem está no período de abstinência deve buscar um profissional, e as primeiras semanas são as mais difíceis, pois há uma fissura muito grande.

Substituir o cigarro por cenouras, chicletes ou outros alimentos só resolvem se a pessoa também estiver medicada, disse a especialista. A mudança comportamental é um complemento, válido quando acompanhado de ajuda química. Aí, sim, os hábitos podem ser modificados.

O fumo ativo é a primeira causa evitável de mortes, e o passivo é a terceira. Em menor proporção, o fumante passivo está propenso às mesmas doenças que o ativo. Um homem de 40 anos com o vício tem três vezes mais chance de infartar em relação a alguém normal – e o passivo tem risco duas vezes maior, além do perigo de câncer.

Meia hora de exposição passiva já pode desencadear alterações cardiovasculares, e o fumante tem uma adaptação e proteção maiores do organismo em relação a quem não fuma, por isso o risco é maior no segundo caso. A lei antifumo no estado de São Paulo quer combater justamente essa exposição por quem não tem esse hábito, ressaltou a médica. O resíduo da fumaça também fica impregnado por meses em cortinas, móveis e objetos. Portanto, quem fuma deve fazer isso sempre em ambientes abertos.

As imagens impactantes exibidas em maços de cigarro no Brasil já renderam prêmios ao país, que é considerado modelo. O choque, porém, é maior em crianças e em quem não fuma, como forma de prevenção e educação. Nos fumantes, o efeito não é tão grande.

De acordo com a cardiologista, pessoas que param de fumar antes dos 35 anos conseguem se igualar a níveis e sobrevida de não fumantes. Em geral, o risco cardiovascular é reduzido 50% em dois anos e, após uma década, fica zerado. Em 20 anos, diminui-se o perigo de qualquer tipo de câncer.

O tratamento varia com o grau de dependência do indivíduo, destacou Jaqueline. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece repositores de nicotina (adesivos, gomas e pastilhas), o antidepressivo bupropiona e o remédio vareniclina. O médico pode avaliar qual o tratamento indicado e o tempo de uso.

A especialista explicou que o cigarro eletrônico é proibido no Brasil, por questões de segurança (é um produto de apenas 5 anos), e ainda há poucas pesquisas de que ele seja um método terapêutico. O produto contém nicotina e outras substâncias, e ainda não se sabe quais riscos à saúde ele pode trazer.

Cachimbo, charuto, cigarrilha, cigarro de palha e narguilé são tão prejudiciais quanto o cigarro, segundo Jaqueline, porque contêm nicotina e outras substâncias. Uma hora de uso de narguilé produz dez vezes mais monóxido de carbono que o cigarro comum. E esse é um atrativo para jovens, com essências e aromas agradáveis, que pode incentivar o fumo convencional.

Muitas mulheres têm vergonha de contar para os obstetras que são fumantes. O vício pode provocar maior risco de aborto, parto prematuro, descolamento de placenta, baixo peso e problemas respiratórios no bebê. Na infância, há 50% maior risco de inflamações nas vias aéreas superiores, menor capacidade pulmonar, três vezes mais chances de transtorno de deficit de atenção e maior propensão de ser um adulto fumante.
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