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França inicia tentativa de recuperar corpos de vítimas do voo AF 447

G1

A primeira tentativa de resgate de corpos das vítimas do voo AF 447 da Air France, que caiu no Atlântico em 2009, começou nesta quarta-feira, segundo fontes ligadas às operações de buscas.

Os investigadores franceses estão, no entanto, prudentes em relação aos resultados da operação, considerada 'muito complicada'.

Eles não sabem se os restos mortais, submersos há quase dois anos, poderiam resistir à manipulação do robô Remora 6000.

Os corpos, que estão a 3,9 mil metros de profundidade, podem também não resistir às mudanças de temperatura da água durante o içamento, dizem os especialistas.

Além disso, a fortíssima pressão da água a quase 4 km de profundidade mantém a estrutura corporal coesa na água.

A diminuição da pressão, quando o corpo é içado, pode causar o deslocamento dos ossos, disse recentemente à BBC Brasil o coronel François Daust, diretor do Instituto de Pesquisas Criminais da Polícia Militar francesa (IRCGN, na sigla em francês).

Dificuldade

Militares desse instituto francês - médicos legistas e especialistas em identificação de vítimas de catástrofes - estão a bordo do navio Île de Sein para realizar as operações de resgate dos corpos, que estão sob responsabilidade da Justiça francesa.

'Essa será a operação mais difícil que já realizamos', diz o diretor do instituto, que já atuou em 38 grandes catástrofes, como o tsunami no sudeste asiático, o acidente com o avião Concorde, em 2000, e em outros casos de queda de aviões no mar.

O voo AF 447 fazia a rota Rio-Paris e caiu no Atlântico em 31 de maio de 2009 (pelo horário brasileiro), matando 228 pessoas.

Apenas 50 corpos foram encontrados logo após o desastre, sendo 20 deles de brasileiros.

Resgates fracassados

O coronel Daust afirma que já houve casos em que os especialistas do instituto não conseguiram retirar os corpos do fundo do mar,.

'No acidente aéreo na costa de Sharm El-Sheik (no Egito, em 2004, que matou 148 pessoas), não pudemos resgatar os corpos a 800 metros de profundidade e isso somente um mês após a catástrofe', afirma.

'Os robôs não conseguiam recuperar os corpos sem danificá-los totalmente. Por isso desistimos de resgatá-los', diz o coronel.

O resgate dos corpos divide os familiares das vítimas. Alguns preferem que os restos mortais de seus parentes sejam deixados no local do acidente e consideram que o resgate seria 'uma violação de suas sepulturas'.

'Há um aspecto traumatizante e não sabemos o estado em que eles se encontram', afirmou Robert Soulas, vice-presidente da associação francesa Ajuda Mútua e Solidariedade AF 447.
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