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Surgem suspeitas sobre paternidade de bebês de clínica de Abdelmassih

R7

Parte dos 8 mil bebês concebidos na clínica de fertilização do ex-médico Roger Abdelmassih, um dos mais famosos especialistas em reprodução assistida do país, não são filhos biológicos de quem fez o tratamento, segundo revelou uma revista neste sábado (14), citando dois inquéritos do Ministério Público e um ex-funcionário.

Segundo a reportagem da revista Época desta semana, a conclusão foi obtida depois de testes de DNA serem feitos em pacientes da clínica e em seus filhos. O texto não cita a quantidade exata de casais afetados pelo procedimento enganoso, mas confirma que ao menos três casais, de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, já descobriram que o DNA de um dos pais não é compatível com o filho.

A matéria diz que o procedimento ilegal pode ajudar a explicar a alta taxa de sucesso da clínica de Abdelmassih. Em 2003, de acordo com a revista, 47,1% dos procedimentos resultaram em bebês, acima da média de 31,7% de casos de sucesso da Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida.

A reportagem do R7 não conseguiu contato com os advogados de Abdelmassih.

A suspeita fazer experiências genéticas ilegais era conhecida desde fevereiro. O médico é procurado por violência sexual contra dezenas de mulheres e está foragido da Justiça. A liminar em seu favor, o último recurso do médico para continuar solto, foi cancelado.

Se ele for encontrado, pode passar o resto da vida na prisão. Mesmo condenado, Roger Abdelmassih levava uma vida praticamente normal até o início deste ano.

Entenda o caso

Abdelmassih foi condenado em novembro passado a 278 anos de prisão. O especialista em reprodução in vitro respondia na Justiça criminal a 56 acusações de estupro contra ex-pacientes. Ele recorria à condenação em liberdade.

Em julho do ano passado, o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) havia decidido, por unanimidade, cassar o registro profissional dele.

No dia 17 de agosto de 2009, Abdelmassih foi preso. Ele passou quatro meses detido na Penitenciária de Tremembé, até ser solto, às vésperas do Natal de 2009, por decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF.

A investigação sobre o caso Abdelmassih começou em maio de 2008. Ela foi, inicialmente, feita pelos promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e depois refeita pelos policiais da 1ª Delegacia da Mulher da capital paulista.

Para a polícia, as supostas vítimas disseram que o médico cometia abusos enquanto elas ainda estavam sedadas. O relato mais antigo é de 1994 e há outros de 2005, 2006 e 2007.

Abdelmassih nega as acusações. Em janeiro de 2009, logo após a investigação ser divulgada pela imprensa, o médico declarou que o anestésico propofol, usado durante o tratamento, pode despertar alucinações com conotação sexual.


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