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ONU afirma que Brasil é deficiente na gestão das unidades de conservação

G1

Estudo divulgado nesta quarta-feira (18) pelo Ministério do Meio Ambiente, feito em parceria com a UNEP (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, na sigla em inglês), apontou que o Brasil possui sérias deficiências na gestão de unidades de conservação, que funcionam com número reduzido de mão de obra na proteção das áreas e baixo orçamento para investimentos em infraestrutura.

Denominado 'Contribuição das Unidades de Conservação para a economia nacional', o documento revela que apesar do país agregar a quarta maior área do mundo coberta por unidades de conservação (1.278.190 km²), fica atrás de nações mais pobres e menores quando comparam-se quesitos como funcionários e orçamento por hectare.

A Costa Rica, país da América Central com 4,5 milhões de habitantes, tem um funcionário para cada 26 km² de área e investe R$ 31,29 em cada hectare. O Brasil, por sua vez, tem um funcionário para cada 186 km² de florestas protegidas e aplica R$ 4,43 em cada hectare. Número muito mais abaixo que dos Estados Unidos, que aplica R$ 156,12 por hectare e tem um funcionário para cada 21 km².

Segundo o ministério do Meio Ambiente, é necessário aumentar os investimentos nas unidades devido aos benefícios oferecidos à população e setores econômicos. Por ano, as UCs geram até R$ 4,55 bilhões com a exploração legal de recursos naturais (como madeira e borracha) e com a visitação de turistas em parques e florestas.

Recursos
O orçamento destinado para as unidades de conservação federais por ano é de aproximadamente R$ 300 milhões, que de acordo com o governo federal é o mesmo desde 2001 e cobre gastos com folha de pagamento e investimentos em infraestrutura. Entretanto, para o MMA seria necessário mais que dobrar o valor.

"Temos que usar a criatividade para melhorar a gestão e proteção", afirmou Braulio Dias, secretário de Biodiversidade e Florestas do ministério do Meio Ambiente. Para ele, é praticamente impossível o Brasil alcançar níveis de gestão aplicados em países desenvolvidos, que tem orçamentos mais robustos.

"O que temos que fazer são parcerias com instituições acadêmicas ou ONGs para uma gestão compartilhada nas unidades de conservação. Isso já ocorre nos parques nacionais da Serra da Capivara (PI) e do Jaú (AM). A sorte é que o Brasil conta com muitas instituições dispostas a participar disto", afirmou.

Terceirização
Segundo Rômulo Mello, presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), outra alternativa é a terceirização dos funcionários no setor turístico.

"Quem é contratado do governo deve trabalhar na preservação das unidades. A exploração turística poderia ser feita por outras organizações. Isto melhoraria a gestão funcional e evitaria um inchaço na contratação, que o governo tenta conter", disse. O número atual de funcionários nas áreas conservação federal não foi informado.
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