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Justiça do Rio decreta prisão preventiva de falsa psicóloga e marido

G1

O juiz Alcides da Fonsaca Neto, da 11ª Vara Criminal da Capital, decretou nesta segunda-feira (23) a prisão preventiva da falsa psicóloga e de seu marido. Ambos são acusados de estelionato e de cometerem crimes contra as relações de consumo, sendo que ela também é acusada de falsidade ideológica.

O magistrado acolheu o pedido do Ministério Público estadual, com fundamento na garantia da ordem pública.

“Portanto, os injustos culpáveis atribuídos aos dois acusados trouxeram enorme comoção e imensa repercussão no meio social carioca, haja vista que foram diversas as famílias atingidas quando entregaram, por erro, seus filhos, portadores de autismo, aos cuidados da ré, sempre escorada por seu marido, uma vez que propagavam as maravilhas de um tratamento diferenciado para os quais a acusada não estava nem de longe preparada, enquanto o réu atuava com o suporte técnico necessário, através da administração da falsa clínica onde ambos operavam”, destacou.

Na semana passada, a juíza Leila Santos Lopes, da 11ª Vara Criminal havia negado o pedido de prisão preventiva dos réus, alegando, entre outras razões, que "nao há notícias nos autos de risco à integridade das vítimas ou seus responsáveis legais, tampouco as testemunhas".

Na mesma decisão, ela havia autorizado a quebra do sigilo bancário e fiscal, nos últimos 5 anos, e bloqueio dos bens da falsa psicóloga, de seu marido e da clínica em Botafogo onde eram atendidas as crianças autistas. Além de ter deferido um pedido de busca e apreensão de bens, documentos e laudos que estejam armazenados no computador onde funcionava a clínica.

A falsa psicóloga foi denunciada pelo Ministério Público pelos crimes de estelionato, propaganda enganosa e por falsificação de documentos. Seu marido, no entanto, foi denunciado apenas por estelionato e propaganda enganosa.

No dia 8 de maio, a falsa psicóloga foi solta pela segunda vez graças a um habeas corpus concedido no plantão judiciário. Ela responde a dois processos, sendo um por estelionato e outro por tortura, e foi presa pela primeira fez no dia 27 de abril, em flagrante, depois que o pai de uma criança prestou queixa contra ele na polícia. Três dias depois, também graças a um habeas corpus, ela foi posta em liberdade.

Marido prestou depoimento
No dia 11, o marido da falsa psicóloga prestou depoimento como testemunha na Delegacia do Consumidor (Decon). Segundo o delegado Maurício Luciano de Almeida e Silva, ele negou qualquer envolvimento com a clínica onde a falsa psicóloga fazia os atendimentos e disse que ia ao local apenas para levar e buscar a mulher. O suspeito relatou ainda, segundo o delegado, que desconhece qualquer prática de tortura feita pela mulher.

"Como testemunha, ele foi advertido de que não poderia mentir. Agora, vamos confrontar as informações que ele nos deu e ver se há alguma irregularidade. Ele negou que tivesse qualquer atividade na clínica, onde a mulher trabalhava e que ele apenas a levava para o trabalho", contou Maurício.

Ainda segundo o delegado, sobre os crimes de estelionato e falsificação de documentos, o marido pediu mais um tempo para responder. Ele está trocando de advogados e gostaria que eles tomassem conhecimento do caso. Ele deverá ser chamado a depor novamente.

"Não podemos reclamar da Justiça por soltar a falsa psicóloga. Nosso trabalho é produzir provas. Da última vez que ela foi presa, nós a encontramos na casa de um parente com os passaportes dela, do marido e filho. Além do mais já constatamos destruição de provas, como a a retirada do site do ar. Isso são indícios que o casal estaria tentando escapar das acusações, mas cabe à Justiça decidir o que fazer", disse o delegado.

Entenda o caso
A falsa psicóloga foi presa em flagrante no dia 27 de abril. De acordo com as investigações, ela não possui graduação em curso superior, nem especialização em psicologia.

Segundo a polícia, ela atuava há 12 anos e atualmente ‘tratava’ cerca de 60 pacientes. Imagens feitas no centro de tratamento mostram a suspeita conversando com uma delegada, pensando se tratar da mãe de um futuro paciente.

De acordo com a polícia, ela cobrava, em média, R$ 90 por hora. Na delegacia, segundo a polícia, a falsa psicóloga disse informalmente só ter cursado dois períodos da faculdade de psicologia.
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