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'Vai ter mais exclusão e violência', diz líder de ONG sobre suspensão de kit

G1

Organização e movimentos que defendem a causa dos homossexuais veem a suspensão do "kit anti-homofobia" como um retrocesso do governo. O kit, com vídeos e material impresso que estava sendo elaborado a pedido do MEC para distribuição nas escolas foi suspenso nesta quarta-feira (25), por determinação da presidente Dilma Rousseff, após protestos das bancadas religiosas.

Para o presidente do Grupo Arco-Íris, Julio Moreira, o governo tem de ser progressista e investir na cidadania. "O país não pode se subjugar a vontade de apensar um setor, o mais conservador. Você só consegue diminuir o preconceito com a informação. Dessa forma, vai haver mais exclusão e violência.”

Para Moreira, o kit está adequado a abordar o tema e em nenhum momento incentiva o homossexualismo. Na opinião dele, no entanto faltou um debate mais profundo sobre o material. “É um instrumento para se debater o tema dentro das escolas. As pessoas têm de a visão do kit como um instrumento de cidadania.”

Marcelo Gil, presidente da ONG Ação Brotar pela Cidade e Diversidade Sexual (ABCD'S), com sede em Santo André, em São Paulo, considera lamentável a suspensão. "É um retrocesso na caminhada pelos direitos dos homossexuais. É também uma forma de maquiar a homofobia nas escolas."

Papel da escola
A especialista em educação sexual e professora da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Mary Neide Damico Figueiró, disse que o material seria mal recebido nas escolas nesse clima de discussão, por isso a decisão de suspendê-lo temporariamente foi prudente.

Mary Neide acredita que o kit poderia ajudar a introduzir o tema nas instituições de ensino desde que houvesse uma formação dos professores. "Hoje os currículos não abordam a sexualidade e a formação fica comprometida. É tarefa da escola trabalhar as variantes da sexualidade e ajudar o aluno a pensar estes temas, no entanto, no caso dos kits, o professor precisaria de um assessoria para trabalhar."

Para Mary, talvez um professor cheio de preconceito não soubesse utilizar os kits e e eles correriam o risco de ficar guardados nas gavetas. "Os professores teriam de reeducar-se sexualmente e rever tabus para ter uma postura tranquila diante do tema."
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