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Notícias / Ciência & Saúde

Na Coreia do Sul, dermatologistas da Unesp falam de acidentes aquáticos

G1

Ao se aventurar em um mergulho ou uma caminhada na praia, banhistas, turistas e pescadores devem ficar atentos a possíveis mordidas, ferroadas, arranhões ou queimaduras que os animais aquáticos podem provocar. Para falar sobre esse tipo de acidente, que causa dor, necrose e até choque anafilático, uma equipe de médicos da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Botucatu, apresenta neste sábado (28) um simpósio no 22º Congresso Mundial de Dermatologia em Seul, na Coreia do Sul.

Os efeitos de venenos na pele, infecções, cirurgias e a remoção de espinhos de ouriços-do-mar – animal responsável, em geral, pela metade dos casos – são alguns dos temas abordados pelo grupo, que é coordenado pelo professor livre-docente Vidal Haddad Junior e tem a participação dos professores Hélio Miot e Hamilton Stolf. Essa é a terceira vez que Haddad encabeça um simpósio sobre o assunto nesse congresso.

Grande parte das recomendações de prevenção e tratamento de acidentes aquáticos é originada de pesquisas feitas no Brasil e aceita pela comunidade científica internacional. Uma das novidades na área que será apresentada pelos médicos é uma pinça especial, desenvolvida na Unesp, para retirar espinhos de ouriços e ferrões de bagres ou arraias, na tentativa de prevenir infecções. A pinça é fina, como a usada em transplantes de cabelos, e serve para remover as espículas que se fragmentam dentro do pé da vítima.

Segundo Haddad, um em cada mil acidentes e atendimentos de urgência em cidades litorâneas é causado por animais marinhos e fluviais. Em finais de semana de alta temporada, o número de ocorrências sobe para até dez por dia. Os acidentes são mais recorrentes no verão porque essa é a época de reprodução das espécies e da chegada de correntes frias ao litoral brasileiro.

Aqui no país, Haddad já participou de atividades de conscientização com pescadores da Amazônia, do Nordeste e do Pontal do Paranapanema, em São Paulo. Sua equipe também criou folhetos online, e o “Atlas de animais aquáticos perigosos do Brasil”, feito pelo professor como tese de doutorado, aprofunda a questão da identificação e do tratamento de acidentes por águas-vivas, caravelas, ouriços-do-mar, peixes, arraias, piranhas e outras espécies.

A dor da queimadura por água-vive e caravela costuma ser instantânea e violenta. Após retirar os tentáculos do animal com as mãos protegidas, deve-se fazer compressas com água do mar gelada, gelo artificial ou vinagre, que ajuda a inativar o veneno. Água doce pode piorar o quadro.

Já os espinhos do ouriço, que vive em colônias sobre rochas ou lagoas, penetram profundamente na pele. A vítima deve ficar em repouso, evitar pisar sobre a área atingida e buscar atendimento médico para extração dos espinhos.

Acidentes com peixes, por sua vez, exigem imersão do local em água quente. Casos com tubarões no Brasil são raros, mas nos últimos anos têm aumentado na região metropolitana do Recife, por conta de mudanças de ecossistemas, e vitimado principalmente surfistas.
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