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Notícias / Ciência & Saúde

Pronto-Socorro de Cuiabá é uma loteria da morte, diz sindicalista

Da Redação - Lucas Bólico

Trabalhar no Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá (PSMC) obriga os profissionais da saúde a participar de um perverso sistema de ‘escolha de pacientes’. A denúncia é do presidente do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem (Sinpen), Dejamir Soares. “É a loteria da morte”, resume.

“Nós temos um respirador e duas pessoas precisando: um idoso e um jovem, por exemplo. Pensamos em quem tem mais condições de se salvar, analisamos que o idoso já viveu sua vida e o jovem ainda tem muita coisa por fazer, pode contribuir muito mais com a sociedade... pode parecer frieza, mas não temos escolha”, desabafa.

Soares diz que lidar com o sofrimento dos pacientes sem ter a estrutura disponível para o tratamento abala emocionalmente os trabalhadores do pronto-socorro. “Os profissionais da Saúde estão doentes da alma”, lamenta.

“Ouvir o choro de uma criança incomoda, mas ouvir o choro de um adulto, pedindo a sua ajuda pelo amor de Deus e você sem poder fazer nada dói fundo na alma”, conta.

Para melhorar as condições do PSMC, os profissionais da Saúde a construção de um Hospital Regional com 1000 novos leitos em Cuiabá. “O pronto-socorro foi feito na década de 1980 com 250 leitos e na época a população do Estado era de 250 mil habitantes. Hoje o hospital tem o mesmo número de leitos, mas só a Baixada Cuiabana tem 800 mil habitantes”, reclama Ednaldo Lemos, presidente do Sindicato dos Médicos (Sindmed).

Na próxima segunda-feira (30), os sindicatos irão se reunir com o governador Silval Barbosa (PMDB) para discutirem saídas para o problema da Saúde no Estado. Ambos sindicatos estão em estado de greve e caso o resultado da reunião não seja satisfatória, os profissionais poderão cruzar os braços.
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