Imprimir

Notícias / Educação

UnB vai instalar câmeras de vigilância no campus Darcy Ribeiro

G1

A Universidade de Brasília (UnB) vai instalar 15 câmeras de vigilância nos estacionamentos e principais pontos de acesso ao campus Darcy Ribeiro, na Asa Norte. A medida busca reduzir a incidência de roubos e furtos nas dependências da universidade, segundo a UnB. As câmeras devem estar instaladas até junho.

De acordo com o prefeito do campus, Paulo César Marques, também está em fase final de preparação um edital de licitação para contratar uma empresa de consultoria especializada em segurança. O objetivo é elaborar um plano detalhado para toda a universidade, incluindo os novos campi e áreas de programas de extensão.

A ideia é aproveitar medidas já tomadas separadamente por unidades e departamentos que tenham, por exemplo, sistema próprio interno de câmeras de vigilância. "Queremos que a plataforma integre o que já existe, não despreze o que já foi feito. É preciso conhecer o que cada departamento já fez e permitir que seja integrado", diz o prefeito.

A vigilância dos prédios e salas da universidade é o foco da atual estrutura da universidade. “O que nós fazemos é a segurança patrimonial, e agimos com rapidez para acionar as autoridades, mas não temos poder de polícia”, explica Paulo César.

Furtos de rodas, de objetos dentro de carros e dos próprios veículos são comuns no campus, ao contrário de crimes considerados mais violentos, segundo a universidade.

“Abordagens como roubo e assaltos à mão armada são raras. Acontece uma ocorrência dessas por mês. Também é uma situação que nos preocupa, mas a frequência não é alta”, afirma Marques.

Uma das dificuldades para coibir a ocorrência de casos é o tamanho do campus, de 3,9 milhões de metros quadrados, segundo a universidade. Outra, a limitação da atuação dos funcionários responsáveis pela segurança, disse o delegado Marcelo de Paula, titular da 3ª Delegacia de Polícia, na Asa Norte.

Hoje, os vigilantes atuam somente na segurança patrimonial. “Talvez fosse interessante estender a atuação para as áreas externas”, afirmou. Outro problema apontado pelo delegado é a iluminação do campus, segundo ele “deficitária”.

O presidente da Associação dos Docentes da UnB, Bnezer Nogueira, concorda com a precariedade da iluminação, mas ressalta outros problemas, como a quantidade de vigilantes, que seria “insuficiente” para dar conta da segurança.

Para ele, alunos, professores e servidores da universidade correm perigo diariamente. “Estamos esperando acontecer aqui um incidente como esse que aconteceu em São Paulo”, disse.

No último dia 18, um aluno da USP foi morto em uma suposta tentativa de assalto quando se aproximava de seu carro em um estacionamento da Faculdade de Economia e Administração (FEA).

O coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes, Jonatas Moreth, reclama da ausência de caminhos construídos ligando a universidade à avenida L2 Norte, uma das principais vias de acesso à UnB.

“No percurso do Minhocão [nome como é conhecido o Instituto Central de Ciências, um dos principais prédios da universidade] até a L2 existem apenas caminhos completamente escuros e feitos de forma voluntária, não há caminhos de fato. O que a gente defende, emergencialmente, é iluminação e realização dos caminhos iluminados”, diz Moreth.

Os estudantes também pedem mais treinamento e qualificação dos profissionais terceirizados que atuam na segurança.

O prefeito do campus rebate as reclamações. “A área dentro do campus é aberta e integrada à sociedade e não é mais ou menos segura do que qualquer área residencial da Asa Norte”, afirmou Paulo César Marques.

Ele diz que a universidade realizou nos últimos seis meses uma reforma na iluminação, que custou R$ 1,3 milhão. “É verdade que existem pontos escuros, mas recomendamos que não sejam utilizados. Hoje o campus é bem iluminado nos estacionamentos e nos caminhos mais usados”, disse o prefeito.

Números melhores
Segundo levantamento da prefeitura da UnB, a situação tem melhorado. Entre janeiro e março de 2010 foram registradas 41 ocorrências no campus. No mesmo período deste ano, 24.

Para a universidade, a queda foi resultado de um acordo firmado em julho do ano passado com o 3º Batalhão da Polícia Militar, responsável pela Asa Norte, que intensificou o policiamento na região.

A polícia, no entanto, diz que alunos em funcionários também devem colaborar para a redução de crimes. Segundo o comandante do 3º BPM, major Marcus Vinicius da Silva, os delitos cometidos no campus normalmente são crimes sazonais, feitos por pessoas de passagem. “Por isso recomendamos à população que tome cuidado e evite criar oportunidades, como deixar objetos visíveis no carro”, diz ele.

Outros campi
Em outro campus da universidade, a situação é um pouco diferente, pelo menos dentro dos prédios. A diretora da UnB Ceilândia, Diana Pinho, diz que a iluminação interna é boa e não há aulas noturnas. Também existe vigilância eletrônica e o acesso é restrito, o que dificulta furtos ao patrimônio da universidade.

Fora dos prédios, porém, a situação é diferente. Segundo ela, nas últimas semanas, os furtos a veículos de estudantes e visitantes foram quase diários, e uma aluna foi assaltada à mão armada.

“Temos uma relação boa com o comando local da polícia, mas a gente sente muita falta de um policiamento mais frequente”, afirma a diretora. “É uma situação difícil para estudantes e professores, porque a gente tem que ter tranquilidade para estar dentro da sala.”

“Nós nos esforçamos ao máximo, mas não temos o poder da onisciência, onipresença e onipotência”, diz o comandante do 8º Batalhão da Polícia Militar, André Martins Thorpe, responsável pelo patrulhamento na região do campus de Ceilândia.

Segundo ele, a quantidade de crimes na região dificulta uma atenção especial à universidade. Ele disse que nem sempre os alunos registram ocorrências dos crimes. “Não temos o dado concreto estatístico, porque na delegacia não consta o registro. Como é que eu vou considerar um ponto quente em relação à criminalidade?”

Os dados podem vir de um estudo da área de inteligência da polícia. A realização de um levantamento de ocorrências e pontos estratégicos de vigilância foi uma das decisões tomadas em uma reunião feita na segunda-feira (23) entre representantes da UnB Ceilândia, UnB Gama e UnB Planaltina com o secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Torres Avelar, e outros integrantes da secretaria.

Segundo Diana, a reunião foi iniciativa da reitoria da universidade, preocupada com o número de ocorrências.

Ela conta que o encontro já surtiu efeito: pela manhã, dois policiais fazem vigilância permanente e, à tarde, são feitas rondas ostensivas. Também foram oferecidas pela secretaria, e aceitas pela universidade, palestras de policiais para comunidade acadêmica sobre comportamentos para prevenir os assaltos.

A preocupação agora, e de todos os campi da UnB recentemente criados, é com a mudança para os locais definitivos, mais isolados do que os provisórios. "Fazer um planejamento de vigilância é essencial, porque temos jovens estudantes, a maioria mulheres", diz a diretora. Segundo ela, é considerada, por exemplo, a possibilidade de se construir um posto policial próximo ao campus, que será ocupado entre junho e julho.

Dentro do campus
Um assunto polêmico que envolve a segurança nas universidades é a presença da polícia dentro do campus. Na USP, o Conselho Gestor decidiu na sexta-feira (20) sugerir à reitoria a presença da Polícia Militar no campus. Na UnB, não há consenso sobre o assunto.

“Infelizmente, o treinamento da polícia não é adequado para resolver os problemas que vemos na faculdade”, afirma o coordenador do DCE. Moreth diz que as experiências já feitas nesse sentido não foram boas.

O representante dos professores, porém, apoia a ideia. “Nós temos uma fobia de polícia dentro de faculdades que vem desde a época da ditadura, só que a ditadura já acabou há muito tempo”, disse o presidente da associação dos docentes, Bnezer Nogueira.

O prefeito do campus, Paulo César Marques, disse que houve mudanças no treinamento das forças. “Os dirigentes da polícia têm tido uma preocupação muito grande em formar os agentes que atuam na universidade, pessoas que conhecem a realidade e podem ser mais tolerantes”, afirma ele. “O espaço da universidade tem certas peculiaridades, mas a segurança pública é igual”.
Imprimir