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Dilma defende ‘mecanismos’ para conter importações para o Mercosul

G1

Em sua primeira participação como presidente em uma cúpula de líderes do Mercosul, Dilma Rousseff defendeu nesta quarta-feira (29), em Assunção, no Paraguai, a criação de “mecanismos comunitários” para evitar a importação em excesso de produtos vendidos por países que não pertencem ao bloco regional.

“Neste momento parceiros de fora buscam vender produtos que não têm mercado em seus próprios territórios. Precisamos desenvolver mecanismos comunitários que venham a reequilibrar a situação”, afirmou.

Segundo o Itamaraty, o Brasil propôs ao Mercosul que os países-membros do bloco possam aumentar em conjunto, quando de comum acordo, as tarifas de importação de produtos de nações de fora do bloco. A medida teria o objetivo de evitar a entrada de mercadorias estrangeiras que estejam prejudicando a indústria interna dos países sul-americanos.

Dilma afirmou que os países desenvolvidos ainda enfrentam dificuldades pela crise financeira internacional de 2008. Segundo ela, o excesso de liquidez e desvalorização das moedas de nações como China e Estados Unidos prejudicam a competitividade dos produtos sul-americanos.

“O caso [dos problemas econômicos] da Grécia, Portugal Irlanda e Espanha podem ter consequências negativas, afetando muitas economias. Os países da America latina têm desempenho muito mais dinâmico, mas muitos têm sofrido as consequência do excesso de liquidez dos países ricos, que compromete a competitividade e tem sido fator de pressões inflacionárias”, disse.

Integração energética
Em discurso na cúpula do Mercosul, o presidente paraguaio, Fernando Lugo, afirmou que a livre circulação de mercadorias e bens nos territórios dos Estados-membros do Mercosul é essencial para que o processo de integração não se limite “a discursos”.

“A livre circulação é um elemento claro que nos permitirá a transformação do nosso aparato produtivo. A transformação do nosso aparato produtivo é garantia de profundidade e de que o processo inicial de integração não se limita aos discursos, mas se concretiza com medidas”, afirmou.

O presidente paraguaio afirmou ainda que deve haver “livre trânsito” de energia entre os países-membros. Segundo ele, é preciso trabalhar pela “integração energética”.

“A questão energética ocupa hoje um lugar privilegiado nas agendas internacionais. Deve também estar na nossa agenda a perspectiva de utilização dos recursos energéticos como fator de desenvolvimento”, disse. Um dos temas centrais da reunião de Dilma com Lugo nesta quarta, antes da cúpula do Mercosul, foi o aumento da tarifa paga pelo Brasil pela energia vendida pelo Paraguai.

No discurso, Dilma afirmou também que é o Mercosul precisa avançar na produção de bens industrializados. “Temos de cuidar para que nossos mercados sirvam de estímulo para nosso crescimento. Temos de avançar na agregação de valor para nossos produtos. Temos de estar atentos para o que passa no mundo.”

Segundo a presidente, é importante ainda que o Mercosul trabalhe para ter uma relação igualitária com outros países. “O Mercosul deve ser moldura para uma relação equitativa com outros países.”

Para Dilma, o bloco regional sul-americano é exemplo de solução de controvérsias através do diálogo, além de ser composto por países sem armas nucleares."A prevalência do diálgo em uma zona livre de armas nucleares distingue o Mercosul."

Dilma também defendeu maior integração das cadeias produtivas dos países-mebros do bloco e projetos de intercâmbio de estudantes e pesquisadores.“Precisamos de uma maior integração de cadeias produtivas, estimulando a produção de pequeno e médio porte. É essencial o intercâmbio de estudantes, professores e pesquisadores”, disse.

A presidente argentina, Cristina Kirchner, foi representada na cúpula pelo ministro de Relações Exteriores do país, Héctor Timerman. Cristina bateu a cabeça e foi desaconselhada por uma junta médica a participar da reunião.

No discurso, Timerman minimizou as divergências comerciais entre os países do Mercosul. Recentemente o Brasil impôs a exigência de licença prévia para a importação de veículos, o que prejudica a indústria de automóveis da Argentina. A medida foi uma retaliação a embargos impostos pelo país vizinho a produtos brasileiros.

“Às vezes parece que nosso bloco não tem toda a harmonia necessária, mas nossa fortaleza se constitui na nossa capacidade de resolver essas divergências”, disse o chanceler argentino.
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