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Fogo amigo contra ministro dos Transportes e Pagot partiu do PR

De Brasília - Vinícius Tavares

As especulações que ganharam força nos últimos dias a respeito da possibilidade de ter havido o chamado “fogo amigo” no escândalo conhecido como 'Mensalão do PR, de fato, se confirmaram. Contudo, diferentemente da tese que ganhou força nos corredores do Congresso Nacional e dos órgãos ligados ao Ministério dos Transportes nas últimas 24h, as denúncias não partiram do PMDB, - partido que historicamente comandou o orçamento dos transportes e que tem apego natural pelo poder que emana da pasta –, mas sim do próprio Partido da República.

A reportagem do Olhar Direto apurou que alguns dos líderes do partido responsabilizam um grupo dissidente ao do liderado pelo presidente do partido,  deputado federal Valdemar da Costa Neto (PR/SP), como o responsável pelo 'trabalho sujo' de espalhar a notícia e causar o segundo escândalo de grandes proporções em pouco mais de seis meses do governo Dilma Rousseff (PT).

Costa Neto é o mesmo deputado que ficou conhecido internacionalmente por sua participação no primeiro mensalão organizado pelo PT em 2005, cujo propósito era "comprar" apoio da próprio base aliada para aprovação de projetos do governo entre outras coisas.

Segundo fontes ouvidas pelo Olhar Direto, o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, foi colocado no pacote e  afastado do cargo pelo ministro Alfredo Nascimento por pressão exercida pelo grupo dissidentes. Detalhe: o ministro teria aceitado o jogo do fogo amigo.

Ainda segundo esses personagens, desde março Pagot também estaria em rota de colisão com o ministro Alfredo Nascimento, que é senador licenciado por Amazonas, Estado onde concorreu ao governo nas últimas eleições e sofreu uma derrota acachapante para Omar Aziz (PMDB), que obteve mais de 70% dos votos.

As relações entre Pagot e Nascimento teriam ficado piores desde que o ministro criou, via portaria, um comando paralelo no Dnit. "Foi uma espécie de coordenadoria do Dnit, que esvaziou o Pagot e deu mais prerrogativas para o ministro e sua equipe", disse uma das fontes.

Somado a este ambiente deteriorado nas relações entre o ministro e o diretor do seu principal órgão executor, o Partido da República trava com o PT e o PMDB uma disputa política pela própria permanência no comando do Ministério.

O partido agora se vê fragilizado pelo extremo desgaste sofrido depois das denúncias da revista Veja de que o PR, comandado por Valdemar, cobra propina de grupos empresariais em troca da garantia de superfaturamento nas obras.

Como se não bastasse toda a fritura a que estão expostos os membros da cúpula republicana, alguns integrantes do PR atribuem ao próprio Planalto o vazamento do conteúdo da reunião ocorrinda na quinta-feira passada com a presidente Dilma Rousseff para revista Veja.

E as suspeitas dos líderes republicanos recaem sobre a ministra de Relações Institucionais da Presidência, Ideli Salvatti (PT).

Aliás, esta habilidade de Ideli Salvatti de jogar no ventilador os podres de adversários políticos, desta vez inclusive de integrantes do governo, já havia sido demonstrada pela própria revista quando da publicação, há duas semanas, em reportagem, de que foi a então senadora petista a responsável por entregar a jornalistas a falsa notícia da existência da compra de ambulâncias superfaturadas por parte de José Serra pra prejudicá-lo em sua corrida presidencial em 2006. O famoso dossiê anti-tucano.
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