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Passos nega denúncias e não descarta novas demissões

G1

O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, negou neste sábado (16) que haja irregularidades nas obras que tiveram recursos suplementares liberados em 2010. Na época, ele assumiu o comando da pasta, com a licença de Alfredo Nascimento para disputar uma vaga no Senado. Diante de denúncias de irregularidades em obras da pasta, o governo determinou mudanças e Passos não descartou o afastamento de mais pessoas da cúpula do ministério.

"Se houver razões que justifiquem, outras pessoas podem ser substituídas, sim. Eu tenho clara a determinação da presidenta da República de fazer ajustes e promover o afastamento e, até mesmo a demissão, de quem quer que seja que tenha comprovadamente uma conduta incompatível para um servidor público”, disse Passos.

Nesta quinta-feira (15), o diretor interino do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), José Henrique Sadok de Sá, foi afastado temporariamente do cargo, após o jornal "Estado de S.Paulo" publicar que a construtora da mulher dele teria faturado R$ 18 milhões em rodovias federais, entre 2006 e 2011, vinculadas a convênios com o órgão.

Antes, denúncias de superfaturamento e irregularidades nos Transportes resultaram na demissão do então ministro Alfredo Nascimento e devem levar Luiz Antônio Pagot ao afastamento da direção geral do Dnit após voltar de férias.

Questionado sobre a situação de Pagot, Passos afirmou apenas que a decisão cabe a Dilma Rousseff. “Não posso, neste momento, falar de decisões que pertencem à Presidência da República”, disse.

Irregularidades
Paulo Passos apresentou informações para rebater a reportagem da revista “Istoé” desta semana, segundo a qual ele teria liberado R$ 78 milhões a empreiteiras, entre abril e setembro de 2010, em aditivos aos contratos de obras de ampliação e pavimentação das BRs 317, 265 e 101.

De acordo com a revista, as construtoras teriam doado mais de R$ 5 milhões às campanhas de políticos do PR, partido de Paulo Passos, nas eleições de 2010.

Segundo a revista, o TCU (Tribunal de Contas da União) apontou irregularidades nesses empreendimentos, como pagamentos antecipados, ausência de projeto executivo, falhas na fiscalização e superfaturamento.

Passos negou que houvesse restrições do TCU em relação a essas obras para liberação de créditos e afirmou não ver relação entre a liberação de aditivos e as supostas doações citadas pela revista.

CPI
O ministro dos Transportes também afirmou que não há necessidade de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias.

“Não acho que seja o caso de falarmos numa CPI. No que diz respeito a obras ou a quem se responsabiliza por elas, os esclarecimentos que sejam necessários têm que ser prestados como eu estou fazendo aqui”, disse o ministro.

Entenda a crise

O governo determinou uma série de mudanças no ministério há duas semanas, quando a revista "Veja" publicou reportagem revelando um suposto esquema de superfaturamento em obras envolvendo servidores da pasta. A crise se agravou após suspeitas de que o filho do então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, tenha enriquecido ilicitamente em razão do cargo do pai.

A reportagem de "Veja" relatou que representantes do PR, funcionários dos Transportes e órgãos vinculados teriam montado um esquema de superfaturamento e recebimento de propina por meio de empreiteiras.

Dilma Rousseff determinou o afastamento da cúpula dos Transportes e, na semana seguinte, o ex-ministro Alfredo Nascimento pediu demissão do cargo. Ele foi substituído por Paulo Passos.
De acordo com o Ministério dos Transportes, Frederico Augusto de Oliveira Dias também foi afastado do Dnit, após denúncia do jornal "Folha de S.Paulo" de que ele atuaria como assessor da diretoria-geral em reuniões com prefeitos e autoridades, apesar de nunca ter sido nomeado pelo governo.

Segundo o jornal, Frederico Augusto é definido como "boy" pelo diretor afastado do Dnit, Luiz Antonio Pagot, mas possui sala própria e e-mail oficial do órgão. Ainda de acordo com a reportagem, Frederico Augusto é filiado ao PR e foi indicado para o "cargo" pelo deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP).
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