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De artilheiro a garçom, Assunção brilha e cogita adiar aposentadoria

Globo Esporte

Enquanto Kleber foi centro de polêmicas nas últimas duas semanas, um outro jogador do Palmeiras assumiu a braçadeira de capitão e manteve a tranquilidade em campo. Marcos Assunção é o pilar da equipe que vem superando os incêndios para se manter na parte de cima da tabela do Campeonato Brasileiro. Tranquilo e de contrato renovado até o fim de 2012, o volante vive momento oposto ao de Kleber, mas quer a volta do companheiro, já recuperado de lesão na coxa esquerda.

- Não estou feliz em ser o capitão. Gostaria muito que o Kleber voltasse e pegasse de novo a faixa. Ele é importante demais para o nosso time – afirmou o volante.

Com menos chances de gol em cobranças de faltas diretas, Marcos Assunção tem se especializado nas assistências vindas de faltas laterais e escanteios. Só neste Brasileirão já foram cinco. Ele só fez um gol, e de pênalti, mas é o jogador que mais finaliza na equipe de Felipão: 27 vezes em nove rodadas, média de três por partida. Neste ano, foram dois gols de falta, contra sete do ano passado.

Bem fisicamente e sem histórico de graves lesões, o volante tem aposentadoria pré-marcada para o fim de 2012, quando termina seu contrato. Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, ele revelou que pode rever essa decisão. Se estiver sendo útil à equipe e com bom preparo físico, Assunção aceita prorrogar sua carreira por mais alguns meses. Tudo depende de como o Palmeiras e ele estiverem até lá. Confira abaixo a íntegra da conversa.

GLOBOESPORTE.COM: Sem o Kleber, você assumiu a faixa de capitão. Aumentou a responsabilidade?
Marcos Assunção: Na verdade, não estou feliz em ser o capitão. Estou é feliz em fazer as coisas boas, conseguir as vitórias, os pontos necessários para estarmos tranquilos. Gostaria muito que o Kleber voltasse e pegasse de novo a faixa de capitão, para mim isso não é o mais importante. O importante é ajudar, e a minha atual felicidade é por estar contribuindo com assistências, ainda que os gols não estejam saindo.

A que se deve essa mudança de perfil? A bola do Campeonato Brasileiro é diferente? Tem alguma outra dificuldade?
A bola muda sim, a do Paulista é mais pesada e essa é mais leve, mas o que muda bastante é em relação ao ano passado. Tínhamos muitas faltas ali perto da área porque passei muito tempo fora do Brasil e as pessoas não me conheciam. Nesse ano, temos no máximo uma falta boa para chutar. As outras são todas de cruzamento na área, são raras as chances de ter duas faltas boas por jogo, como as que eu treino aqui. Mas pelo menos nas faltas laterais e escanteios estou indo bem.

Os adversários estão bem vacinados, não é?
Não digo que se eles fizerem falta vai sair o gol, mas a possibilidade é grande de um bom batedor de falta fazer o gol. Não falo só por mim, mas por todos os grandes batedores. Quando encaramos um cara assim também pensamos em não fazer falta perto da área.

O fato de você ter mais faltas laterais muda seu treino? Está praticando mais nos treinamentos?
Na verdade não, não treinamos muito. Só no sábado, e no coletivo algumas vezes. O Murtosa (auxiliar de Felipão) para e faz algumas faltas laterais, mas a maioria já me conhece. Os que entram já sabem aonde a bola vai, e eu sei onde eles têm de entrar. Procuro colocar a bola ali naquele lugar que tenho em mente. Muitas vezes a bola sai baixa, o zagueiro tira, mas tento sempre no mesmo lugar. Não tenho de mudar a batida, é ali que a gente treina. É ali que eu sei que todo mundo entra, e ali deve ir a bola. Eu nunca mudo minha batida.

Tem alguém no elenco que pode quebrar o seu “monopólio” nas faltas?
Não sei... muitas vezes o Luan treinava comigo, o Thiago Heleno era opção para uma falta mais de longe. Mas o Felipão decide no momento. Eu sou o único que fico treinando, então quando eu não jogo...

Faz tempo que isso não ocorre, não é?
É... Machuquei no início do ano e fiquei dois jogos fora nesse tempo todo de Palmeiras. Por problema de lesão foram só esses mesmo. Nunca tive problema de lesão, faço muita academia, treino muito para que as lesões possam ser evitadas.

Na quarta-feira você reencontra o Ronaldinho (Palmeiras e Flamengo se enfrentam no Pacaembu). Como vislumbra esse momento?
Acho que foram cinco anos de duelos contra ele, eu no Betis e ele no Barcelona, nos encontrávamos sempre. Agora muda a idade, naquela época eu tinha 26, 27 anos, e ele tinha uns 22, 23... É só isso que muda, naquela época corríamos mais e agora estamos na experiência. O preparo físico e a correria já caem bastante.

Ele merece marcação especial?
O cara é sensacional, tem técnica e habilidade enormes, precisa ter uma cobertura sempre pronta. A técnica dele não muda, com a bola no pé não podemos vacilar.

Você já declarou que deve encerrar a carreira ao fim do seu contrato. Com essa boa fase, não dá para pensar em esticar?
A ideia é parar sim, mas tudo depende do meu nível, de como vou estar. Se estiver jogando bem e ajudando o Palmeiras, é normal que pensemos um pouquinho e vejamos se vale a pena continuar. Se o nível estiver bom, mas o corpo não responder, é melhor parar. Mas tem mais de um ano para pensar nisso, tem esse Brasileirão para jogar bem e fazer as coisas certinhas. A partir do começo do ano que vem vamos pensar no que fazer.
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