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Após assalto, Correios descobrem ossada humana enviada do Rio ao CE

G1

Após assalto, Correios descobrem ossada humana enviada do Rio ao CE
Caixa com ossada foi abandonada após assalto a caminhão dos Correios.
Família diz que pagou a cemitério para transportar os ossos.

Uma ossada humana foi descoberta em uma caixa enviada por correio do Rio de Janeiro para Viçosa do Ceará, a 348 km de Fortaleza. Segundo o delegado Franco Pinheiro, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a ossada foi encontrada após ser abandonada por quadrilha que roubou o caminhão dos Correios na última sexta-feira (22), em Croatá, Região Norte do Ceará.

“Os Correios estranharam o fato de a caixa ter sido deixada para trás e decidiram passar pelo raio X”, explica o delegado. Para Pinheiro, os assaltantes consideraram que a caixa não continha objeto de valor e descartaram a carga na rodovia, junto com outras correspondências.

Segundo Pinheiro, dentro da caixa também havia envelopes com documentos e uma ordem de exumação emitida pela prefeitura do Rio de Janeiro. O delegado diz ter entrado em contado com a pessoa que enviou a ossada e descobriu que os ossos eram de uma pessoa que morava na capital fluminense, morta em 2008. O delegado afirmou que recebeu a informação de que a família queria trazer os restos mortais do parente para que fossem enterrados no Ceará, tendo pedido a um amigo que providenciasse o transporte.

A irmã do morto, Patrícia Ferreira, disse ao G1, que a família pagou ao cemitério para que realizasse todo o procedimento. Mas não imaginava que os ossos da vítima acabariam virando carga dos Correios. O administrador do cemitério Washington da Silva admite ter enviado os ossos pelos Correios, ressaltando que o procedimento não é ilegal.

Não tendo passado por equipamentos de raio X ao sair do Rio de Janeiro, a caixa contendo os ossos viajou até o Ceará, onde também passou pela triagem sem problemas.
Caixa com ossos humanos é enviada pelos Correios (Foto: Divulgação / Polícia Civil)Caixa com ossos humanos foi enviada pelos Cor-
reios (Foto: Divulgação / Polícia Civil)

''Caso não foi tratado como crime''
Segundo o delegado Franco Pinheiro, inicialmente “o caso não foi tratado como um crime”. A lei federal 6.538/78 proíbe esse tipo de transporte via Correios. No fim da manhã, ao ser informado pelo G1 de que um funcionário do cemitério teria enviado a ossada pelos Correios, o delegado afirmou que vai preparar um relatório e encaminhar ao Ministério Público. “Se houve um crime será encaminhado para o Rio de Janeiro para ser investigado lá”, diz.

Caso haja indiciamento, os responsáveis podem ser enquadrados por homicídio ou ocultação de cadáver. A pena para quem comete homicídio varia, segundo o delegado, de 12 a 30 anos. Já para ocultação de cadáver, a pena seria mais branda: de um a três em reclusão e multa. "Mas não há indiciamento. Se não há crime, não há como enquadrar", explica o delegado.

A ossada foi encaminhada ao Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), onde aguarda a família. A assessoria de comunicação dos Correios informou que a checagem das cargas no raio X é feita por meio de amostragem, abrangendo de 45% a 50% das encomendas transportadas apenas no território nacional.

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