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Phelps troca festas e videogame pelo sonho do adeus glorioso em Londres

Globo Esporte

“Tudo culpa minha”. É o maior atleta olímpico da história quem assume. Há três anos, desde que assombrou o mundo nas Olimpíadas de Pequim-2008, Michael Phelps intercalou a massacrante contagem diária de ladrilhos com doses reforçadas de golfe, videogames, festas e mulheres. Com os presentes - que o próprio nadador resolveu se dar - vieram também os resultados abaixo da expectativa. No Mundial de Xangai, ele tenta aos trancos e barrancos dar um basta definitivo nas férias prolongadas e encontrar o melhor caminho para garantir que sua despedida das piscinas, marcada para as Olimpíadas de Londres-2012, seja à altura de suas conquistas. Por enquanto, não conseguiu sair da sombra do compatriota Ryan Lochte no Centro Esportivo Oriental e só ganhou um ouro em provas individuais - os 200m borboleta, sem Lochte na piscina.

Com oito medalhas de ouro na bagagem, Phelps se deu o direito de curtir o que a rotina dura de um fenômeno não lhe permitia. Quando deixou o Cubo d’Água, em agosto de 2008, foi como se afrouxasse o nó da gravata para começar a aproveitar com alguns anos de atraso a juventude perdida.

De nadador, passou a celebridade. Não conseguiu escapar dos flashes. Nós últimos três anos, foi flagrado em festas cercado de mulheres, bebendo e até fumando maconha. A paixão pelo videogame e, principalmente, pelo golfe ganharam força. Por muitas vezes, era mais fácil ver o nadador dando tacadas do que braçadas.

No primeiro grande desafio depois de Pequim, no Mundial de Roma-2009, o imbatível nadador pôde conhecer o gosto ruim da derrota. Apesar dos cinco ouros conquistados, foi superado pelo alemão Paul Biedermann nos 200m livre. Um ano depois, no Pan-Pacífico, também venceu cinco provas, mas, nos 400m medley, sequer chegou à final e, nos 200m medley, desistiu de entrar na água. O jeito foi aplaudir da beira da piscina o amigo Ryan Lochte.

- É uma decisão que eu tenho de tomar. Eu tinha de parar de ser preguiçoso e fazer alguma coisa – disse Phelps, essa semana, na competição chinesa.

Um atleta com 14 medalhas de ouro olímpicas não precisaria ainda se preocupar em conseguir mais conquistas. Mas a estrela americana quer encerrar sua carreira bem, nos Jogos de Londres-2012. Para isso, nos últimos sete meses tem se esforçado para trocar a curtição pelas piscinas. O namoro agora assumido com a miss Califórnia Nicole Johnson parece dar um empurrãozinho nesta nova fase.

- Golfe não é bom para os 200m borboleta, podemos certamente dizer isso – brincou o técnico Bob Bowman.

O Mundial de Xangai é o primeiro grande desafio do americano desde que voltou treinar para valer. Phelps chegou à China descontraído, respondendo até aos questionamentos mais duros da imprensa com brincadeiras, tirando sarro de si próprio. Mas os resultados na água foram tirando o ar relaxado do nadador durante a competição chinesa. O único ouro individual até agora foi nos 200m borboleta, prova que Lochte não disputa. O segundo saiu no revezamento 4x200m livre. Nos 200m livre e nos 200m medley, mais uma vez parou diante da invejável boa fase do companheiro de equipe e somou duas pratas. No revezamento 4x100m livre, levou um bronze.

A competição chinesa também servirá de teste para os Jogos da Inglaterra. A partir daí, o nadador decidirá, inclusive, quais provas disputará nas Olimpíadas.

- Eu estou em uma forma bem melhor do que no ano passado. Foi frustrante no ano passado e, agora, sinto que tenho confiança. Ano passado, não sabia exatamente o que fazer, o que pensar. Isso é um teste para ver o que meu corpo pode aguentar no ano que vem – disse Phelps, que ainda disputa os 100m borboleta e o revezamento 4x100m medley na China.
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