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Notícias / Economia

Valorização do salário mínimo reduziu desigualdades

De Brasília - Vinícius Tavares

A política de valorização real do salário mínimo reduziu a desigualdade da renda do trabalho, fato inédito nas últimas décadas. O crescimento econômico do Brasil na última década permitiu que grande parcela da força de trabalho saísse da pobreza e passasse ao nível inferior da pirâmide ocupacional (ganhos de até 1,5 salário mínimo).

As conclusões fazem parte de um estudo divulgado nesta quinta-feira (4/8) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que avaliou o impacto do salário mínimo na renda e na estrutura ocupacional do país nos últimos 50 anos.

De acordo com o levantamento, chamado Natureza e dinâmica das mudanças recentes na renda e na estrutura ocupacional brasileiras, dos 2,1 milhões de vagas abertas anualmente na última década, em média, 2 milhões encontram-se na faixa de até 1,5 salário mínimo mensal. Ou seja, apena 100 mil novos postos de trabalho estão no patamar superior a 1,5 salário.

O panorama mostra que o Brasil passa por transformações na estrutura produtiva, com crescente impulso do setor terciário. De maneira geral, o maior saldo líquido das ocupações abertas na década de 2000 concentrou-se naquelas de salário de base, ou seja, ao redor do salário mínimo.

Nos primeiros 10 anos do século 21, foram gerados mais postos de trabalho do que em qualquer período das últimas cinco décadas. Os empregos criados a partir de 2000 superam em 44% a quantidade registrada nos anos 1990. 95% das ocupações abertas tinham remuneração de até 1,5 salário mínimo.

"Tivemos uma ampliação do número de postos de trabalho com salário menor, em torno do salário mínimo. O salário mínimo teve recuperação real, permitindo que os trabalhadores deixassem a pobreza", afirmou o presidente do Ipea, Márcio Pochmann.

Ainda segundo o estudo do Ipea, a participação do rendimento do trabalho na renda nacional aumentou 14,8% entre 2004 e 2010. No mesmo período, o nível de desigualdade de renda caiu 10,7%. Na década de 1970, época do “milagre brasileiro”, a desigualdade entre os salários havia crescido quase 22%.

A concentração das novas vagas de trabalho no setor de serviços, com baixa remuneração, impediu, no entanto, que houvesse também crescimento nas faixas médias do mercado de trabalho. A proporção das ocupações com renda superior a três mínimos saiu de 28,7% para 16,4% entre 2000 e 2009.

"A sustentação do bom momento brasileiro depende agora da ampliação da oferta de empregos que sejam de maior remuneração", argumentou o presidente do Ipea.
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