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Pais aprendem com os filhos a cuidar da saúde, graças a projeto

G1

Ter um filho muda a vida de qualquer homem. Ele passa a ter mais obrigações e fica responsável por dar à criança as condições necessárias a uma vida saudável e feliz. Muitas vezes, isso significa horas a mais no trabalho, o que traz algumas consequências negativas. Uma delas é o descuido com a própria saúde.

Em Jundiaí (SP), um projeto arranjou uma maneira diferente de alcançar os pais. A cardiologista Luciana Fornari procurou uma escola e recrutou as crianças como “fiscais do coração”. Com uma linguagem simples, os alunos aprenderam conceitos básicos e passaram a cobrar os pais em casa que se cuidassem.

Triglicérides, colesterol e pressão eram os principais alvos. Com insistência e persistência, as crianças convenceram os pais a adquirirem novos hábitos: parar de fumar, comer melhor e fazer atividades físicas.

Na prática
Um ano depois, os pais sentem que os resultados foram positivos.

“Às vezes, a gente tem a informação, mas não sabe agir no dia a dia. Precisa alguém chegar e falar”, reconhece Carlos Razzé, pai de Natalie.

Quando o projeto começou, os pais foram chamados à escola para uma palestra. Pai presente, Carlos compareceu e descobriu que seu nível de triglicérides estava acima do desejável.

“Foi ela [Natalie] que motivou. Quando eu fui à palestra lá na escola, fiz o primeiro exame e o resultado me deixou preocupado”, lembra o representante comercial.

Desde então, Carlos diz que passou a ver a vida de outra forma. Tenta se estressar menos e considera a saúde uma prioridade. Como ele não fuma, tem um problema a menos, mas admite que, no calor, é difícil resistir a uma cervejinha.

Para a atividade física, ele desenvolveu um aparato para toda a família. O projeto do “Calhambike” nasceu em conjunto com um cunhado – antes da palestra na escola. Eles passaram dois anos montando uma carroceria em conjunto com duas bicicletas, formando uma espécie de carro movido a pedais. Um passeio divertido de fim de semana serve também como exercício, pois o veículo é um tanto pesado.

Hospital nunca mais
Com Fábio Guedes aconteceu o mesmo. Ele é pai de Vinícius, um aluno na mesma escola que Natalie. Mas seu problema de saúde era um pouquinho mais grave: ele tem pressão alta.

Quando Vinícius começou a ajudar, ele e a esposa Mônica perceberam que era hora de mudar os hábitos.

“Foi bastante produtivo. Antes do projeto, a gente não se preocupava em fazer atividades físicas. Eu achava que não tinha tempo”, conta o pai.

Hoje, ele é sócio de um clube em Jundiaí e pratica com frequência hidroginástica e spinning – uma atividade intensa em bicicletas ergométricas. De vez em quando, ainda arruma tempo para correr.

Fábio diz que não perdeu muito peso, mas ganhou massa magra e perdeu gordura. As crises de hipertensão, que eram comuns, deixaram de acontecer.

“Nem me lembro mais da última vez que fui ao hospital”, comemora.

O pai sabe que não teria apresentado essas melhoras sem o fiscal Vinícius e sua fiel ajudante – a irmã Marian, de 15 anos.

“Eles adquiriram o hábito de ficar em cima, para a gente não esmorecer por causa do frio”, diz Fábio.
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