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Festas em casa respondem por 1/3 de reclamações de barulho feitas à PM

G1

Reunião de amigos no salão de festas de um condomínio na Zona Oeste de São Paulo: 'Aqui tomamos cuidado com a bagunça', diz Viviane Santos, uma das moradoras (Foto: Carlos Giffoni/G1)

As festas em residências e condomínios representam 31% do total de reclamações de barulho recebidas pela Polícia Militar na capital paulista. Os chamados para “perturbação do sossego”, como classificados pela polícia, passaram de 133 mil no primeiro semestre de 2011, sendo mais de 40 mil apenas para festas em casas e apartamentos.

Os ingredientes para o distúrbio todo mundo conhece: reunião de amigos e familiares que, entre um copo de bebida e outro, acabam aumentando o volume do som e, consequentemente, da própria voz. Quem não gosta dessa receita são os vizinhos que estão de fora da festa.
Bairros com maior número de chamados atendidos pela PM*
Centro Bela Vista: 965
Sul Americanópolis: 806
Leste Iguatemi: 742
Oeste Paraisópolis: 685
Norte Tremembé: 476
*Dados de líderes de casos em cada região no 1º semestre de 2011

Quando somadas às festas realizadas na rua, que representaram 21% dos chamados recebidos pela PM no primeiro semestre, o item 'festas' corresponde a mais da metade (52%) de todas as 133 mil denúncias recebidas sobre perturbação do sossego em São Paulo.

Pela lei, ruídos acima de 70 decibéis estão proibidos entre 22h e 6h. Perturbação do sossego é crime, segundo o Código Penal Brasileiro, que pode resultar em 15 dias a três meses de detenção. Mas o número de paulistanos que não respeitam o sossego alheio aumentou 4,7% no primeiro semestre de 2011. A média de ligações recebidas pela PM no mesmo período de 2010 foi de 127 mil.

Dário Bortoletto, de 50 anos, teve que alterar o regulamento do condomínio na Zona Sul de São Paulo do qual é síndico. “Mudamos para conseguir multar as pessoas sem ter que dar tantos avisos – agora, basta um. Sou rígido com o regulamento e isso já teve resultados. Faziam verdadeiras raves aqui dentro”, diz. De março de 2010, quando ele assumiu o cargo, até o fim daquele ano, foram aplicadas 15 multas pelo excesso de barulho em festas. Neste ano, apenas quatro pessoas receberam multa por esse motivo – e pagaram caro: R$ 400.
O síndico Dário Bortoletto e o zelador Joseildo Gomes diminuíram o número de avisos que antecedem a multa no seu condomínio – e não sai barato: R$ 400 (Foto: Carlos Giffoni/G1)Zelador e síndico diminuíram o número de avisos
que antecedem a multa no seu condomínio
– e não sai barato: R$ 400 (Foto: Carlos Giffoni/G1)

No condomínio, moram cerca de 1.200 pessoas. Elas têm à sua disposição três churrasqueiras, com capacidade de 30 pessoas cada uma. “Já teve festa com 60 pessoas nesse espaço”, segundo Joseildo Gomes, zelador do condomínio há quatro anos. Bortoletto conta que moradores já chamaram a polícia por causa de festas dentro do condomínio que não seguiram as orientações dos funcionários para que reduzissem o volume: “Quando dissemos que a polícia estava a caminho, a festa acabou”.

Já no condomínio do qual Marcelo Neli é subsíndico, na Zona Oeste de São Paulo, um morador se destaca na perturbação do sossego: “Ele chama amigos para reuniões em casa e toca bateria durante os encontros. Os amigos costumam tocar instrumentos também”, conta. “O 'baterista' já pagou R$ 3 mil em multas (o equivalente a 15 multas); multar é o que podemos fazer nesse caso. Além disso, orientamos os outros moradores a chamar a polícia quando acharem necessário.”

Ele conta que, por se tratar de um prédio habitado por muitos jovens, não é só o “baterista” que incomoda. “Quando a moçada não chama os amigos para beber antes de ir para a balada, chama depois da balada”, diz o subsíndico.
subsíndico de um condomínio na Zona Oeste da capital, Marcelo Neli, tem problemas com um morador que toca bateria durante festas em casa e já recebeu mais de R$ 3 mil em multas (Foto: Carlos Giffoni/G1)Subsíndico de um condomínio na Zona Oeste,
Marcelo Neli tem problemas com um morador que
toca bateria durante festas (Foto: Carlos Giffoni/G1)

Se o barulho não vem de dentro da sua casa, o incômodo é maior. O bom senso é o melhor nesses momentos. “Aqui no prédio, as paredes são muito finas. Escutamos o secador de cabelos de quem está no apartamento ao lado, às vezes até barulho na cozinha. O diálogo é a melhor solução”, segundo Neli.

Quando as festas acontecem em um dos salões disponíveis no prédio, o barulho é controlado: “Aqui acaba antes de meia-noite e tomamos cuidado com a bagunça”, diz Viviane Santos, que estava com amigos no salão de festas do condomínio no mesmo momento em que o G1 esteve no local.

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