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'Não sou menino de briga', diz aluno da USP agredido em festa em Bauru

G1

Ainda com a voz anasalada e com muitas dores pelo corpo, o estudante da USP Giovanni Comora Silva, de 19 anos, que foi espancado na sexta (19) em uma festa universitária em Bauru, no interior de São Paulo, afirmou nesta quarta-feira (24) que não sabe qual foi o motivo da agressão que o levou para a UTI.

Ele disse não se lembrar do momento em que começou a apanhar. Disse ainda que esqueceu quem o visitou enquanto estava internado.

“Não sei por que fui agredido. Eu bebi. Não vou ser hipócrita, mas não foi nada demais. Durante a festa não aconteceu nada de estranho. Cogitaram a hipótese de ser algo relacionado a alguma menina, mas eu estava com meus colegas. Eu fui à festa para curtir e não para ficar em busca de mulher”, afirmou, em entrevista ao G1, no prédio onde moram seus pais, em São Bernardo do Campo, no ABC. O estudante também afirmou não ter se envolvido em confusões. “Eu não sou um menino de briga”, disse.

Pescoço torcido
A agressão aconteceu quando ele foi ao banheiro. Segundo o pai do estudante, o técnico em informática Carlos Alberto Silva, de 53 anos, um colega de Giovanni viu o momento em que rapazes começaram a “esmurrá-lo” na porta do toillete em que estava. “Os médicos disseram que as agressões se concentraram na região da cabeça. Tentaram torcer o pescoço do meu filho. Foi uma tentativa de homicídio”, afirmou o pai.

O colega que estava com ele deixou o banheiro em busca de ajuda enquanto Giovanni continuava a receber socos e pontapés. O estudante foi empurrado para fora do banheiro por um agressor, que chegou a pisar duas vezes em sua cabeça. “A segunda vez foi tão forte que ela [uma testemunha] escutou o estalo, que deve ter sido da fratura na face ou da lesão cervical”, contou o pai.

Giovanni foi levado desacordado a um pronto-socorro. Depois foi encaminhado à UTI onde ficou até sábado à noite (21). Ele só deixou o hospital na terça-feira (23) e voltou com os pais para São Bernardo, onde chegou na madrugada desta quarta. Além de um traumatismo craniano, ele teve uma lesão nos ligamentos da coluna cervical, que devem ser corrigidos com sessões de fisioterapia. O inchaço na face diminuiu, mas a colocação de um pino ainda não está descartada.

O rapaz, que ainda guarda a camiseta que usava no dia da agressão, ainda tem um coágulo no olho e procurou um oftalmologista nesta quarta para saber se teve um descolamento de retina.

A dor não lhe deixa esquecer a violência da qual foi vítima. “Quando não incomoda uma coisa, dói outra. Tenho dor nas costas. Minha boca está como seu eu tivesse dado várias mordidas. Estou respirando pela boca, porque o septo nasal foi totalmente desviado. Eu me pergunto o que leva uma pessoa a fazer isso”, questionou. “Eu não gosto de me colocar como santo, mas eu não tive o que fazer para me defender.”

O estudante do primeiro ano de odontologia, que mora em Bauru, disse estar ansioso para voltar aos estudos. “Eu quero voltar às aulas na segunda-feira (29), mas querer nem sempre é poder. Minha maior preocupação é retomar a minha vida acadêmica”, afirmou. "Sem dúvida eu vou superar tudo isso. Agora tenho que dar atenção à saúde, mas aos poucos o psicológico se restabelece."
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