Imprimir

Notícias / Brasil

Denúncia de trabalho escravo faz Assembleia de SP convocar Zara

G1

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou nesta segunda-feira (29), por unanimidade, a convocação do presidente da grife Zara no Brasil, Enrique Huerta Gonzaléz, para dar explicações sobre a denúncia de uso de mão de obra escrava para fabricação de roupas da marca. A empresa é investigada pelo Ministério Público do Trabalho de Campinas (SP) desde maio, quando fiscais encontraram irregularidades em uma confecção de Americana, no interior paulista.

O requerimento para a convocação foi solicitado pelo deputado estadual Carlos Bezerra Jr. (PSDB), que comemorou a aprovação e cobrou ainda mais rigor da Assembleia Legislariva na apuração das denúncias. "É preciso criar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigarmos o uso de trabalho escravo em São Paulo", afirmou, ao lado da ministra da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Maria do Rosário, que participa da reunião.

Também foi aprovada, por unanimidade, a convocação dos administradores da empresa AHA Administração e Participação Ltda., Seong Hee Lee e Cyro Leal Mendes, a quem pertencem as confecções flagradas pelo Ministério Público do Trabalho nas fiscalizações.

Os executivos de Zara e AHA terão de comparecer na próxima reunião ordinária da Comissão de Direitos Humanos da Alesp, em 31 de agosto.

A assessoria da Zara diz que o presidente ainda não foi notificado da decisão.

Não é prevista punição caso ele não compareça à sessão, já que o regimento só prevê obrigatoriedade de presença a servidores públicos.

O caso
Inspeções realizadas por auditores do Ministério do Trabalho na oficina de Americana constataram condições degradantes de trabalho, com alojamentos irregulares, falta de banheiros e dormitórios inadequados. Após denúncia anônima de um trabalhador boliviano, os auditores encontraram 52 funcionários em ambiente insalubre, trabalhando 14 horas por dia e recebendo entre R$ 0,12 e R$ 0,20 por peça.

A fabricante Zara disse que o que houve foi uma “terceirização não autorizada”. O grupo Inditex, proprietário da marca, afirmou que revisa, em colaboração com o Ministério do Trabalho e Emprego, o sistema de produção de seus fornecedores no país para garantir que não haja exploração dos funcionários.
Imprimir