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Notícias / Economia

Lula defende democratização do FMI

FP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o FMI (Fundo Monetário Internacional) pode ser democratizado e criticou a fiscalização que a instituição faz sobre as economias dos países devedores, em uma entrevista publicada neste domingo pelo jornal argentino "La Nación".

"O Fundo pode ser democratizado se o conjunto dos países que são parte dele tiver a possibilidade real de tomar decisões com igualdade de responsabilidade", disse.

"O que queremos é um FMI onde um coloca mais dinheiro porque tem mais, mas na hora de decidir, tem que ser uma decisão coletiva, levando em consideração o que é melhor para todos", afirmou o presidente, em entrevista realizada em Brasília antes da Cúpula das Américas --que ocorre em Port os Spain (Trinidad e Tobago) e que termina hoje.

"Os países emergentes não querem que exista uma delegação do FMI para checar as contas da Argentina, do Brasil ou da Venezuela. Não queremos mais isso. Tomamos um empréstimo, temos um prazo para pagar e respeitamos as taxas de juros, mas não queremos missões de monitoração", afirmou.

No último dia 15, o presidente Lula destacou o fato de o Brasil ter se tornado credor do FMI e a mudança de comportamento da instituição depois da reunião do G20 (grupo de países mais ricos e principais emergentes), ocorrida em Londres no início do mês.

'O FMI não vai descer em aeroporto de nenhum país para fiscalizar o que está acontecendo depois das medidas tomadas na reunião do G20. É uma conquista dos países emergentes. O FMI tem que mudar de comportamento, com regras democráticas de participação", disse Lula na abertura do Fórum Econômico Mundial para os países da América Latina.

Credor

No último dia 9, o Brasil aceitou se tornar parte do grupo dos países que emprestam dinheiro a outros por meio do FMI. Oficialmente, o país fará parte do PTF (Plano de Transações Financeiras) do Fundo. O plano é o mecanismo pelo qual o FMI financia as suas operações de empréstimo. Atualmente, 47 países dos 185 membros do Fundo integram esse plano.

Os países que integram esse clube se comprometem a colocar no FMI dinheiro até o limite da sua quota na instituição. No caso do Brasil, a quota corresponde a US$ 4,5 bilhões. Ao colocar dinheiro no Fundo, o país adquire uma espécie de título emitido pelo Fundo, chamado "direitos especiais de saque", que podem ser usados para saque imediatamente em caso de necessidade do Brasil --não afetando, assim, as reservas internacionais do país.

A última vez que o país fez parte desse grupo foi em 1982, segundo o ministro da Fazenda. Até o começo do atual governo, o Brasil era devedor do FMI.

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