A Rússia deve enviar ao Brasil, até o final de 2011, técnicos sanitaristas para reavaliar o embargo às importações da carne bovina brasileira. A “missão russa” seria parte de um acordo entre os dois países para que a Rússia ganhe o apoio político do Brasil para entrar na Organização Mundial do Comércio (OMC), informam fontes de Olhar Direto. “A questão técnica vai sendo negociada paralelamente com a política”.

Enquanto as conversações diplomáticas acontecem, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) troca os integrantes da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA). A mudança seria determinação do ministro Mendes Ribeiro Filho, que não estaria satisfeito com a baixa eficiência nas negociações com os russos no começo do ano – quando foi decretada a restrição à carne brasileira.

A medida que entrou em vigor no dia 15 de junho afeta 99% das empresas que têm negócios com aquele país. Ao todo, 85 frigoríficos de Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Paraná ficaram impedidos de dar sequência aos embarques já programados. O Serviço Federal de Inspeção Veterinária e Fitossanitária da Rússia (Rosselkhoznadzor) afirmou, à época, que as unidades não conseguiram atender aos requerimentos da união alfandegária. A Rússia é atualmente o maior consumidor de carnes do Brasil e em Mato Grosso respondeu, em 2010, por 93% da carne produzida.

O mais grave nisso tudo foi colocar em xeque a imagem sanitária do Brasil e das indústrias perante o mundo. O superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, afirma que para o segmento bovino o peso das suspensões acabou sendo menor, pois desde o ano passado o Oriente Médio se tornou o maior consumidor da carne bovina produzida no Estado. Desde 2010, o bloco ultrapassou a Rússia. De janeiro a dezembro do ano passado, 33% das exportações de cortes bovinos do Estado tiveram o Oriente Médio como destino, especialmente o Egito.