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Estado palestino: ministros israelenses ameaçam estabelecer sanções

AFP

Ministros israelenses ameaçam com medidas econômicas e políticas para sancionar o pedido de adesão de um Estado palestino à ONU, que o presidente palestino Mahmud Abbas está determinado a apresentar na sexta-feira em Nova York.

O chefe da diplomacia israelense, o nacionalista Avigdor Lieberman, advertiu sobre as "consequências duras e graves" da iniciativa palestina e ameaçou anular todos os acordos "fechados" com os palestinos.

Lieberman se referia em especial aos acordos de Paris (1994) entre Israel e a Organização de Libertação da Palestina (OLP), que preveem o reembolso por Israel das taxas alfandegárias e do IVA sobre os bens importados pelos palestinos que cruzam pelos portos e aeroportos israelenses.

Esses fundos, de um montante mensal de 60 milhões de euros, representam dois terços das receitas orçamentárias palestinas. Sem esse montante, a Autoridade Palestina não poderá garantir o pagamento de mais 150.000 funcionários.

Em várias oportunidades, Israel congelou os fundos como um meio de pressão.

Danny Ayalon, vice-ministro de Relações Exteriores, mencionou essa sanção no domingo na reunião de credores da Autoridade Palestina em Nova York.

"A ajuda futura e a cooperação poderá ser comprometida de forma severa e irremediável caso a direção palestina continue violando os acordos assinados que regulamentam as relações econômicas entre Israel e a Autoridade Palestina", disse Ayalon.

Segundo ele, "Israel não terá obrigação alguma em relação ao suposto Estado palestino (...) criado artificialmente em violação a todos os acordos".

O ministro das Finanças Yuval Steinitz também expressou a hipótese de um corte nas assistências à Autoridade Palestina.

Os palestinos "querem estabelecer um Estado sem paz, sem segurança, sem pôr fim ao conflito, sem reconhecer o Estado de Israel, sem assumir o mínimo compromisso. Tudo isso representa nosso pior pesadelo, e isso tem um preço", advertiu Steinitz.

Outro falcão da coalizão, Moshé Yaalon, ministro encarregado de Assuntos Estratégicos, elogiou a construção de milhares e casas nas colônias da Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.

Segundo a imprensa, vários líderes israelenses, assim como o poderoso lobby dos colonos, são favoráveis à anexação imediata dos blocos de colônias onda vive a maioria dos 300.000 israelenses instalados na Cisjordânia.

O primeiro-ministro de direita Benjamin Netanyahu afirmou que quer a anexação desses blocos, seja qual for o acordo estabelecido com os palestinos.

Um funcionário do governo israelense afirmou, no entanto, que Netanyahu não decidiu ainda as eventuais medidas de resposta caso os palestinos levem a questão da criação de seu Estado ao Conselho de Segurança da ONU.

"Por enquanto, Benjamin Netanyahu deixa Avidgor Lieberman e outros ministros falarem, endossando que os Estados Unidos e os europeus deixaram claro que são contrários a qualquer sanção econômica".

Segundo o jornal Haaretz, o ministro da Defesa Ehud Barak, assim como o ministro encarregado da inteligência, Dan Meridor, moderado, são hostis por pragmatismo às represálias.

Segundo eles, provocar o naufrágio econômico da Autoridade Palestina pode levar a Cisjordânia ao caos, e Israel pagará as consequências em termos de violência e condenações internacionais.

O presidente Abbas informou ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sobre sua intenção de lhe entregar na sexta-feira a petição de adesão de um Estado da Palestina para que seja submetido ao Conselho de Segurança.
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