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Espanha mantém decisão de retirar soldados de Kosovo

AE

 O governo espanhol informou hoje que mantém a decisão de retirar suas forças de paz de Kosovo, uma mudança política que irritou os Estados Unidos ao mesmo tempo que Madri tenta colocar fim a anos de tensão com Washington. A ministra da Defesa, Carme Chacon, disse que a Espanha irá realizar a retirada gradualmente, em coordenação com aliados, mas a decisão é absolutamente firme e a maioria dos soldados do país europeu em Kosovo voltarão para casa até o outono (boreal). "As razões que levaram a Espanha a Kosovo dez anos atrás chegaram ao fim", disse.

Durante coletiva de imprensa, Chacon afirmou que uma década depois dos bombardeios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para pôr fim à guerra da Sérvia contra as guerrilhas étnicas albanesas, Kosovo está agora consolidando suas instituições e não precisa mais de forças de paz para operações pós-guerra, como a proteção de refugiados.


De acordo com a ministra, já que a Espanha não reconhece a declaração unilateral de independência de Kosovo, feita um ano atrás, as tropas espanholas não podem tomar parte neste novo processo. "Tropas espanholas não vão participar em operações diretamente ligadas a uma decisão - a declaração unilateral de independência de Kosovo - à qual a Espanha e o povo espanhol não compartilham. Ninguém pode pedir isso à Espanha." Kosovo é uma questão sensível para a Espanha, pois o país enfrenta o separatismo na região basca e o sentimento pró-independência na Catalunha. A Espanha teme que o reconhecimento de Kosovo possa encorajar o nacionalismo regional.

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A ministra anunciou a retirada dos soldados espanhóis na quinta-feira, durante uma visita às tropas do país em Kosovo. Na quinta-feira, ela irá se reunir com o secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, para começar a coordenar a retirada espanhola. Chacon negou informações divulgadas por jornais segundo as quais o ministro do Exterior espanhol, Miguel Angel Moratinos, não foi consultado antes do anúncio. Ela afirmou que a decisão reflete a opinião de todo o governo.

A Otan e os EUA disseram que foram comunicados pouco antes e reclamaram que a decisão poderia ter sido discutida entre todos os países que possuem forças de paz em Kosovo. O Departamento de Estado norte-americano informou sexta-feira que estava "profundamente desapontado" com a decisão espanhola e discordava da avaliação do país europeu de que a missão em Kosovo está encerrada

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