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Cortês vive sonho: 'Nunca imaginei que gritariam meu nome na Seleção'

Globo Esporte

A vida de Cortês mudou rapidamente. Após a ótima atuação contra a Argentina, na estreia pela Seleção Brasileira, o lateral admite que não estava nem em seus sonhos mais otimistas algo semelhante ao que viveu na noite da última quarta-feira, em Belém. Em fevereiro deste ano, o jogador ainda desconhecido ia treinar no Nova Iguaçu embarcando em um ônibus público ou em um vagão de trem. As melhor lembrança era, até então, ter sido eleito o melhor lateral-esquerdo da Segunda Divisão do Campeonato Carioca.

- Estou muito feliz, não poderia ser diferente. Nunca imaginei que gritariam meu nome pela Seleção. Agora é ter os pés no chão, é só o início de muita coisa boa que tem acontecido nesse ano - afirmou o jogador, ovacionado pelos torcedores depois de ser substituído, exausto.

O camisa 6 nunca escondeu o lado humilde. No futebol e na vida. Jogou a Terceira Divisão do Rio pelo Castelo Branco. Depois, disputou a Segundona pelo Quissamã. Chegou à Primeira contratado pelo Nova Iguaçu. Para só então chamar a atenção dos dirigentes do Botafogo. Foi subindo degrau por degrau. Sempre muito querido pelos companheiros. Mesmo depois de vestir a camisa alvinegra, não abandonou o jeito simples. E a festa de casamento foi em uma unidade da rede de fast food Habib´s.

Atualmente é praticamente impossível Cortês andar anônimo com aquela cabeleira pela estação de trem de Nova Iguaçu. O lateral vive um momento iluminado. Na estreia com a Seleção teve o nome gritado pela torcida e, de quebra, ainda ergueu uma taça. Tantos motivos positivos fizeram o lateral do Botafogo, já xodó do grupo de Mano Menezes, ser um dos mais requisitados pela imprensa no desembarque, em aeroporto do Rio.

Postulante a uma vaga em posição carente no país, Cortês sabe e espera que a boa impressão deixada possa assegurá-lo nas próximas convocações, que terão, também, os "estrangeiros". Maior prova disso é que o nervosismo da primeira vez não parece ter atrapalhado nem um pouco. A ponto de a jogada do segundo gol ter partido de uma arrancada de seus pés.

- Não pesou, não (a camisa da Seleção), caiu bem (risos). Deu tudo certo, me deixaram à vontade e o time fez uma grande atuação. Naquele lance, eu fui levando a bola, avancei mais porque tinha espaço e deixei o Diego Souza bem à vontade. Aí, depois, foi muita alegria. Vou batalhar para ter mais chances de jogar - disse, em meio a um certo tumulto no local, entre curiosos e uma dúzia de jornalistas.

Para enfrentar Costa Rica e México, na semana que vem, Mano Menezes chamou Marcelo, do Real Madrid-ESP, e Adriano, do Barcelona-ESP, dois concorrentes de peso que o alvinegro, de 24 anos, terá de driblar para se firmar. O outro lembrado costuma ser André Santos, do Arsenal-ING. O experiente Kléber, do Internacional, corre por fora. Ele atuou na partida em Córdoba, deixando o folclórico botafoguense no banco de reservas.

Elogios de Ronaldinho

Ainda que rapidamente, Ronaldinho Gaúcho registrou sua admiração pela atuação de Cortês. O craque do Flamengo, que ainda não conseguiu voltar a marcar um gol pela Seleção (são quatro anos de jejum), gostou da ousadia do novo amigo.

- Jogou bem solto, tem bom astral, está de parabéns. Ele merece - limitou-se a dizer, com um sorriso no rosto.

Após o triunfo por 2 a 0, Mano Menezes também se surpreendeu com o desaque.

- Acho que Cortês agradou a todos. Quando o convocamos para o primeiro jogo, tínhamos que tomar cuidado, era tudo muito novo. Há oito meses ele estava no Nova Iguaçu, vem fazendo um ótimo Brasileiro, e aí surgiram muitas entrevistas, se torna requisitado. É normal que seja assim, você precisa esperar um pouquinho. Mas hoje saio olhando para frente e vendo que ganhamos alguns jogadores - disse, em entrevista coletiva, em Belém.
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