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Cuiabá tem surto de toxoplasmose e açaí pode ser o vilão; saiba mais

Da Redação - Alline Marques

A população de Cuiabá deve estar em alerta devido à notificação de um surto de toxoplasmose na cidade. Entre os dias 20 e 27 de setembro, já foram identificados 29 casos, sendo que 18 já estão confirmados por resultado laboratorial. O curioso é que entre os contaminados existem relatos de consumo de açaí no período que antecedeu a manifestação dos sintomas, porém a Secretaria Municipal de Saúde ainda não confirma que o produto seja o responsável pelos números excessivos de casos.

A gerente de Doenças Transmissivas, Flávia Guimarães, destacou que nem todos os contaminados consumiram açaí e não é possível confirmar ainda se o energético é a fonte da transmissão, além disso, ela destacou que o produto foi adquirido em lugares distintos. Até o momento, do grupo de contaminados, apenas 17 foram entrevistados pela equipe da Vigilância.

Ainda de acordo com Guimarães, o surto foi identificado por um médico ligado a um grupo de pessoas de uma associação religiosa, no bairro Parque Geórgia, que foi contaminado pela toxoplasmose. No entanto, ela ressalta que em seguida outras pessoas foram identificadas com a doenças em locais distintos como bairro Goiabeiras e Porto.

A preocupação maior do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs) é com as gestantes, já que existe a possibilidade de contaminação intrauterina. Caso o tratamento não seja efetuado rapidamente e da maneira correta, o feto pode ser atingido pela doença e sofrer sequelas como a cegueira.

No grupo de contaminados, duas mulheres estão grávidas e o tratamento foi iniciado. Além delas, outros quatro adolescentes e uma criança de 18 meses também foram infectados, no entanto, a maioria dos atingidos é homem entre 20 e 54 anos. Em resposta ao surto, a secretaria iniciou uma investigação analisando caso a caso para identificar a provável fonte de infecção, fiscalização sanitária em estabelecimentos relacionados a produtos ou serviços passíveis de atuarem como fonte de infecção.

Além disso, a SMS já alertou as unidades de saúde, infectologistas e o Conselho Regional de Medicina e solicitou aos laboratórios da capital uma avaliação retrospectiva dos diagnósticos laboratoriais de toxoplasmose em 2011 para identificar quantos casos já foram registrados este ano. Isso porque, a doença, em geral, não é notificada, pois na maioria dos casos a doença não manifesta os sintomas e estima-se que 70% da população do país já tenham sido contaminadas pela doença.

As informações foram repassadas pelo secretário adjunto de saúde, Euze Carvalho, que ressaltou ainda que o alerta está sendo feito para que a população tome algumas medidas de controle, tais como, evitar o consumo de carnes cruas ou mal passadas, não consumir água de procedência duvidosa, eliminar fezes de gatos em lixo seguro, proteger areias de parques e construção para evitar o uso pelos gatos, lavar as mão após manipular carne crua ou terra/areia. As mulheres grávidas devem evitar o contato com fezes de gatos e adotar as medidas relacionadas.

A coordenadora do Cievs, Moema Conta Silva Blatt, alertou que apesar do hospedeiro da doença ser o gato, atualmente, a principal forma de transmissão deve-se à falta de higienização dos alimentos e o consumo de carnes cruas e/ou mal passadas. Ela informou ainda que os gatos mais jovens são os principais transmissores, já os adultos não possuem tanto risco de evacuarem o protozoário.

A transmissão se dá por ingestão de oocitos provenientes do solo, água, alimentos, areias, latas de lixos contaminados com fezes de gatos infectados, ingestão de carne crua e/ou mal cozida contendo cistos, especialmente as carnes de porco e carneiro, além da infecção transplacentária, ocorrendo em 40% dos fetos de mães que adquiriram a doença durante a gravidez.

Os sintomas são febre, dores musculares e articulares, comprometimento da visão, dor de cabeça e garganta e manchas pequenas e vermelhas pelo corpo podem ser outros sinais da toxoplasmose. Inflamação da retina (coriorretinite), apresentando conjuntivite, hemorragias oculares, embaçamento da visão, dentre outros sintomas, pode ocorrer, principalmente, em crianças - nos seus primeiros dez anos de vida.

No entanto, é importante ressaltar que somente 10% das pessoas atingidas pela doença não manifestam os sintomas e apenas parte delas precisa realizar o tratamento medicamentoso, realizado com antibióticos. Na maioria dos casos não é necessário tratamento já que o sistema imunitário resolve o problema.

O cuidado é maior na gravidez ou em imunodeprimidos para controlar a multiplicação do protozoário Toxoplasma gondii. Clinicamente é difícil fazer o diagnóstico porque os casos agudos podem levar à morte ou evoluir para a forma crônica, por isso é necessário a realização de exame de sangue para diagnosticar a doença.

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