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Tropas espanholas sairão de forma gradual e coordenada do Kosovo

Folha Online

As tropas espanholas sairão do Kosovo de forma "gradual e coordenada" com os outros países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em uma retirada que será realizada com "flexibilidade" e que estará concluída até setembro, disse nesta segunda-feira a ministra da Defesa da Espanha, Carme Chacón.

Segundo a ministra, a retirada dos soldados espanhóis será realizada em dois períodos, e "é uma decisão firme do governo da Espanha". Chacón explicou que seu país acredita que chegou o momento do retorno, ao considerar que "os objetivos militares pelos quais se envolveu no Kosovo há dez anos foram cumpridos".

A ministra da Defesa destacou que a missão realizada agora no Kosovo, após a proclamação de independência unilateral que a Espanha não reconhece, não é a mesma para a qual foram enviadas as forças espanholas. Chacón ressaltou que as tropas espanholas não vão participar de "operações nas quais nem a Espanha nem os espanhóis querem ver".

No entanto, disse que a retirada será coordenada com os aliados da Otan e será feita "com a flexibilidade necessária", e de forma "gradual". Para informar diretamente ao secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, Chacón viajará a Bruxelas na próxima quinta-feira (26). Os chefes militares espanhóis entrarão em contato com as autoridades da Força de Estabilização no Kosovo (KFOR) para preparar a retirada, disse a ministra.

"O governo da Espanha nos garantiu que coordenará sua retirada com os comandantes [militares] no terreno", disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, Robert Wood, em entrevista à imprensa.

O ministro das Relações Exteriores espanhol, Miguel Angel Moratinos, assegurou nesta segunda-feira que a resposta da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, foi positiva ao anúncio de que seu país se retirava depois de dez anos de presença no Kosovo. Wood não confirmou, no entanto, se Hillary havia recebido uma ligação do ministro das Relações Exteriores espanhol, Miguel Angel Moratinos, com quem se reuniu no dia 25 de fevereiro em Washington.

Chacón disse também que a Espanha atuou com "prudência, responsabilidade e solidariedade" desde seu posicionamento no Kosovo e ao permanecer no local um ano após a proclamação unilateral de independência. A ministra desvinculou a missão no Kosovo da no Afeganistão, onde a Espanha tem também um contingente militar.

"O Kosovo e o Afeganistão são missões distintas", disse Chacón, que, no caso do país asiático, afirmou que "estamos esperando uma revisão da estratégia"por parte da nova administração americana.

Pedido
O governo do Kosovo pediu nesta segunda-feira ao Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) que encerre a missão Unmik, que desde 1999 tem a responsabilidade de administrar o território balcânico em nome da comunidade internacional.

O ministro de Exteriores do Kosovo, Skender Hyseni, disse em reunião do principal órgão da ONU que a presença da Unmik já não era necessária. "Pedimos que se ponha um fim ao desdobramento e ao mandato da Unmik", solicitou Hyseni, após lembrar que 52 países reconheceram até agora a independência do Kosovo, proclamada em 17 de fevereiro de 2008.

O ministro kosovar assinalou na saída da reunião que após o recente desdobramento da missão civil da União Europeia (UE), Eulex, a da ONU devia encerrar "o mais rápido possível" seus trabalhos. Hyseni assinalou que seu governo alcançou "progressos imensos e tangíveis" no estabelecimento das estruturas e instituições do novo Estado kosovar, e que conta com o apoio da missão europeia para prosseguir com essa tarefa.
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