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Notícias / Cidades

Funcionarios do Adauto Botelho fazem manifesto em Cuiabá

Da Redação-Gabriela Von Eye

No Dia Internacional da Saúde Mental, nesta segunda-feira (10), funcionários, lideranças de movimento estudantil, populares solidários a causa, familiares e pacientes do Hospital Adauto Botelho, em Cuiabá, fizeram uma manifestação pela manha, nas dependências do prédio onde funciona a instituição, contra a proposta da Secretaria de Saúde de mudar a unidade para um outro local.

De acordo com Veline Silva, uma das integrantes do Fórum Intersetorial de Saúde Mental de MT, o Adauto Botelho está sucateado por anos de descaso e pela falta de repasse dos recursos do Ministério da Saúde. Vários pedidos foram feitos para reforma do prédio que pertence ao Estado mas, nada foi feito.

Ela ainda questiona o por que de alugar um imóvel de propriedade privada
há 20 km do Centro de Cuiabá e ainda gastar em reformas.

Leia abaixo o manifesto.


DEZ MOTIVOS PARA MANTER O CIAPS - ADAUTO BOTELHO NO PARQUE DA SAÚDE

1- Os serviços de Saúde Mental do Estado de Mato Grosso TÊM SEDE PRÓPRIA: AS UNIDADES DO CIAPS ADAUTO BOTELHO, não há necessidade de pagar aluguel no de imóvel privado (antigo Instituto Neuropsiquiátrico - INC);

2- As sedes atuais em funcionamento têm uma história de lutas de INCLUSÃO na comunidade a que pertencem, onde o paciente convive com o estudante, professor, morador, igreja, escola, etc;

3- A TERRITORIALIDADE é um dos princípios do SUS e da Saúde Mental, o que viabiliza a CONCESSÃO DE FINANCIAMENTOS;

4- Sem ACESSIBILIDADE, não há como manter as famílias, muitas vezes em vulnerabilidade, participando do tratamento de seu familiar;

5- As soluções e decisões do cuidado terapêutico e cientifico precisam ser TÉCNICAS e não devem ser reféns de acordos políticos eleitorais ;

6- A DEPENDENCIA QUÍMICA do paciente VOLUNTÁRIO deve ser prioritária. Somos Contra a internação COMPULSÓRIA o paciente internado compulsoriamente ocupa vaga, mesmo de alta desnecessariamente e os Mandados de Internação não são feitos sob critérios clínicos de internação.

7- Aguardamos a reforma e adaptação das estruturas físicas do CIAPS - Adauto Botelho que é patrimônio do Estado. Aguardamos também o repasse dos insumos (camas, colchões, equipamentos hospitalares), ou seja, materiais que não dependem do prédio onde se encontram. Até agora não obtivemos NADA.

8- A estrutura manicomial do antigo INC, com LEITOS/CELA, configura o que há de mais CONTRA INDICADO terapeuticamente ao paciente portador de sofrimento mental, conforme já se compreendeu no Brasil, e em muitos países desenvolvidos como Itália, França, Bélgica, Portugal, entre outros.

9 – Todos os usuários e familiares estão compreendendo a ida para o prédio do antigo INC como “tirar os indesejáveis do convívio social para serem trancafiados bem longe”. Trancar não é tratar. Todo transtorno mental e a dependência química não têm cura, ou seja, necessitam de TRATAMENTO INTEGRAL E CONTINUADO nos serviços da rede de atenção psicossocial: CAPS, PSFs, NASFs, Policlínicas e Hospitais Gerais.

10 – A Lei Federal 10216 de 06/04/2011 visa exatamente que portadores de transtornos mentais sejam tratados com qualidade e com garantia de direitos, a começar pela INCLUSÃO SOCIAL E NÃO O CONFINAMENTO EM SUBÚRBIOS MANICOMIAIS.

NÃO PODEMOS APAGAR DA NOSSA MEMORIA E DA HISTORIA DA SAUDE MENTAL DO ESTADO DE MATO GROSSO O QUE REPRESENTOU O ‘NEURO’, PELO SEU TAMANHO, PELA SUA LOCALIZAÇÃO, PELO TRATAMENTO AOS PORTADORES DE TRANSTORNO MENTAL E USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS. AINDA HOJE, A SOCIEDADE, EM GERAL, TEM UMA VISÃO NEGATIVA DAQUELE LUGAR. EM 2003 O MINISTÉRIO DESCRENDIOU AQUELE HOSPITAL POR SER TOTALMENTE CONTRA OS PRINCÍPIOS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA E DOS DIREITOS HUMANOS MAIS BÁSICOS. VOLTAR PARA LÁ É RETROCEDER QUASE UMA DÉCADA DE CONQUISTAS.
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