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Notícias / Brasil

Funcionária do Itamaraty relembra sequestro de avião e golpe à ditadura

De Brasíllia - Bruno Cassiano

A funcionária do Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores) Selma Nabuco, sequestrada durante um voo no período de ditadura militar, recorda do duplo golpe para o regime brasileiro em 1969. A brasileira lembra o terrível episódio com o Boeing 707 da Varig, desviado da rota Paris-Rio de Janeiro e levado para Cuba por um militante de esquerda.

A passageira de um dos emblemáticos acontecimentos na ditadura contou ao repórter João Negrão da revista BSB Brasil, em reportagem publicada na edição de setembro e intitulada “A história de um sequestro”, o relato das 48 horas do sequestro da aeronavem, que é um capítulo à parte da vida política do Brasil.

Selma saiu da cidade Bonn, capital da então República Federativa da Alemanha, onde servia na embaixada brasileira, em direção a Frankfurt. De lá embarcou para Paris, capital da França, onde pegaria o avião direto para o Brasil numa rota recém-inaugurada.

Durante o voo, nenhum dos 84 passageiros do avião percebeu que um jovem de menos de 30 anos portava uma pistola e entrou na cabine do piloto e os rendeu.

“Nous allons a Cuba!”, exclamou o sequestrador, exigindo o desvio de rota ao mesmo tempo em que bradava a voz de assalto.

Os passageiros não sabiam, mas militares brasileiros estavam abordo da aeronave. Eles vinham de um curso em Paris. Como eram oficiais do alto escalão tinham ligação, mesmo que involuntariamente, com o governo.

Com isso, o desvio do avião para Cuba foi um duplo golpe para o regime brasileiro. Fato que exigiu do governo do general Emílio Médici um esforço diplomático para negociar com o governo cubano, maior inimigo na época.

O real teor das negociações entre os regimes cubano e brasileiro nunca foi de conhecimento dos passageiros e tripulantes. Contudo, não era a primeira ‘aventura’ de brasileiros em solo cubano. Nem seria a última.

Atualizada às 16h25.
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