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EUA aumentam pressão para Paquistão combater Taleban

BBC Brasil

Os Estados Unidos subiram o tom de suas críticas ao Paquistão a respeito do combate ao grupo islâmico radical Taleban, ao mesmo tempo em que os militantes chegam a uma área a cerca de 100 km da capital, Islamabad.

O secretário de Defesa, Robert Gates, disse nesta quinta-feira que é importante que parte da liderança paquistanesa compreenda a "ameaça existencial" representada pelo Taleban.

"Não apenas reconheça, mas tome as medidas necessárias para lidar com ela", disse ele.

Também nesta quinta-feira, a secretária de Estado, Hillary Clinton, disse a uma comissão parlamentar que "mudar mentalidades não é simples, mas creio existir uma percepção crescente de que a insurgência está chegando cada vez mais perto das cidades grandes e representa uma grande ameaça".

"Eles têm que agir", disse Hillary, ressaltando que não há mais espaço para o governo paquistanês fazer apenas promessas.

Suíça paquistanesa

Na véspera, Hillary havia criticado o governo central do país por ter permitido, há algumas semanas, que a região semiautônoma de Swat, fronteiriça com o Afeganistão, institua a lei religiosa islâmica, ou sharia. Hillary disse que o governo parecia ter "abdicado" desta região.

Correspondentes dizem que, ao ceder à uma antiga reivindicação do Taleban, o governo abriria caminho para o grupo usar o vale de Swat como base para ataques a outras regiões paquistanesas, além do vizinho Afeganistão.

Simultaneamente, parecem prosseguir os ataques aéreos na bela região montanhosa, conhecida como "a Suíça do Paquistão".

A polícia disse que sete crianças e duas mulheres morreram quando suas casas foram bombardeadas, mas não confirmou que as bombas foram lançadas pelos militares paquistaneses.

O Exército afirmou que 11 militantes morreram em operações dos últimos três dias ao longo da fronteira com o Afeganistão.

Nova fronteira

Correspondentes dizem acreditar que a região de Buner, área também montanhosa localizada entre Islamabad e a Swat, será a nova fronteira da guerra entre as forças de segurança paquistanesas e o Taleban.
Militantes estariam patrulhando ruas e montando postos de controle nesta região, a apenas 100 km da capital.
Nesta semana, o governo paquistanês mandou cerca de 300 militares para combater os insurgentes na região.
Mas, nesta quinta-feira, um policial foi morto quando o comboio no qual viajava foi atacado por militantes em um vilarejo do distrito de Buner.

Dinheiro

O presidente americano, Barack Obama, pediu para o Congresso aprovar ajuda anual de US$ 1,5 bilhão ao Paquistão, ressaltando que a quantia seria atrelada a condições e progressos tangíveis no combate ao extremismo.

Nos últimos sete anos, os EUA enviaram cerca de US$ 12 bilhões em ajuda ao Paquistão, cerca de um terço da quantia em auxílio militar e o resto em benefícios econômicos.

A aliança com o país é considerada fundamental para o combate ao Taleban no Afeganistão, já indicado por Obama como o conflito mais importante envolvendo americanos no exterior, superando o Iraque.

Mergulhado em uma série crise econômica, o Paquistão depende da ajuda externa americana para não se tornar um país falido, apesar das amplamente impopulares operações americanas em regiões tribais, por causa do grande número de vítimas civis.
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