Andrea Veiga tem 32 anos de carreira e várias peças no currículo, mas é impossível ouvir o nome da carioca e não lembrar que ela foi a primeira paquita de Xuxa, ainda no Clube da Criança, da extinta Rede Manchete, em 1986. Atualmente em cartaz com o musical infantil "O Gato de Botas", no teatro Solar de Botafogo, na Zona Sul do Rio, a atriz abriu seu camarim para o EGO e falou sobre suas expectativas na carreira e na vida pessoal. Bem humorada, ela garante que não se incomoda em ser lembrada como assistente da rainha dos baixinhos, mas confessa que o rótulo às vezes atrapalha.

"É um sobrenome! Andrea Veiga, ex-paquita. Como o grupo marcou uma geração, você fica com um rótulo. Não tem jeito! Mesmo com a Letícia (Spiller), a Juliana Baroni e a Bianca Rinaldi, que conseguiram se desvencilhar um pouco da imagem, volta e meia sempre tem alguém para lembrar. Tem situações que isso ajuda e outras que atrapalha. As pessoas são muito preconceituosas. Fazem um pré-julgamento antes de assistir o trabalho. O que a maioria não sabe é que éramos muito preparadas para aquilo e que tínhamos que estudar para estar ali. Fiz curso de inglês e até de etiqueta, porque viajávamos com a Xuxa e ela sempre encontrava pessoas importantes. Trabalhávamos de segunda a segunda", conta.

Entre idas e vindas, Andrea trabalhou com Xuxa e Marlene Mattos dos 12 até os 33 anos, quando o filho, Luca, nasceu. Após seis anos como paquita, aos 18 anos, saiu do posto e começou a apresentar um programa infantil em uma emissora regional de São Paulo, fez "Sonho de Verão" no cinema, fez uma novela e uma minissérie com Herval Rossano e manteve o trabalho no teatro. Em 1996, casou com o ex-marido e foi morar em Brasília, onde permaneceu por cinco anos, e, em 2011, quando voltou, foi trabalhar com produção e reportagens no "Planeta Xuxa".

"Todo mundo sempre me cobra de fazer novela, mas eu nunca batalhei muito por uma oportunidade. Tem muito do QI ('quem indica'), quem te apadrinha... Não é que eu não goste, mas eu curto mais teatro. Graças a Deus, sempre pude escolher o que queria fazer. Nunca tive que aceitar qualquer papel para sobreviver. Fui privilegiada! Quando o Luca nasceu, fiquei dois anos parada, só me dedicando a ele", diz a atriz, que espera ser reconhecida por seus projetos atuais. "Já fiz tanta coisa legal que as pessoas não sabem. Gostaria de ser reconhecida por isso, mas não me incomodo com o rótulo de ex-paquita e nem me arrependo de ter sido por tantos anos. Trago uma bagagem tão grande... Isso não tem dinheiro que pague. Acho que teria que fazer um papel muito grande para mudar isso", acredita.

Feliz com musical

"O Gato de Botas" é seu primeiro trabalho voltado ao público infantil depois de 15 anos. A peça estreou no dia 8 de outubro, em uma sessão para convidados, mas a primeira plateia da atriz e seus colegas de elenco foi especial, 73 crianças carentes de um projeto apoiado por Andrea.

"Quis trazer as crianças do local que eu frequento, a Casa São Francisco de Assis, em Laranjeiras, para assistir porque acho que esses programas culturais são muito importantes para eles e nenhuma delas nunca tinha ido ao teatro. Foi muito divertido e um teste para a peça", relembra a carioca, que faz a princesa Aurora na história: "Brinco que essa vai ser a minha última, depois só mãe da princesa".

Depois que terminar a temporada do espetáculo, com data prevista para 18 de dezembro, Andrea vai se dedicar exclusivamente a seu novo projeto, um musical baseado no livro "Feliz 1958 - O ano que não devia terminar", do jornalista Joaquim Ferreira dos Santos.

"Esse é o meu projeto agora. Quero muito fazer e estou em fase de captação para ele sair ano que vem. Amo teatro, principalmente os musicais! Quando estou no palco é como se eu estivesse viva. É como se tivessem me plugado na tomada. Tenho meu marido, meu filho... mas não fico completa sem meu trabalho. Quero fazer isso para o resto da vida", afirma.

Vida pessoal

Casada há 11 anos com o médico André Cechinel, com quem teve Luca, de nove anos, Andrea se diz realizada. Mas revela que ainda tem vontade de ter mais um filho, o que tem poucas chances de acontecer.

"Tenho muita vontade de ter outro. Sempre quis ter uma menina. Mas meu marido diz que já tem idade para ser avô, não pai. Não quer de jeito nenhum! Ele tem 56 anos e já tem outra filha, de 15 anos... Eu entendo, não posso exigir. Se for só o Luca mesmo, tudo bem", explica.

Contrariada, a atriz também revela que Luca está cada vez mais interessado em seguir carreira artística. Mas, se dependesse de sua vontade, ele escolheria outra profissão.

"Meu filho da peça que já veio assistir três vezes. Pediu até para fazer uma participação. Quer ser ator! Eu não queria não, mas se ele quer, fazer o quê, né? Preferia que ele seguisse a profissão do pai e fosse médico. Vida de ator é tão sofrida, batalhada... Mas ele vai ser o que quiser", diz