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PM que acusou ministro de fraude descarta pedir delação premiada

G1

O polícial militar João Dias, que acusou o ministro do Esporte, Orlando Silva, de comandar um suposto esquema de desvio de verbas da pasta descartou nesta sexta-feira (21) que vá tentar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.

A delação premiada é um instrumento usado para reduzir a punição de quem der informações sobre um suposto crime ou irregularidade.

"Delação premiada seria se eu tivesse alguma culpa que eles alegam hoje. Eu vou provar até o fim que toda essa cobrança que tanto me desqualifica não faz sentido. Vou bater de frente com todo o sistema do ministério e vou provar que não estou envolvido", disse João Dias após deixar a sede Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco) da Polícia Civil.

Dias foi à Deco, acompanhado de seu advogado, para, segundo ele, tentar reaver provas que foram recolhidas pela Polícia Civil durante a Operação Shaolin, no ano passado, quando João Dias chegou a ser preso por supostamente fraudes verbas do Ministério do Turismo.

O policial disse que não conseguiu obter as provas, mesmo tendo decisão judicial para tal, porque, conforme o escrivão que o atendeu, quando o processo foi enviado à Justiça Federal as provas saíram da sede da Deco.

"Se a gente conseguir o documento que a Justiça liberou vai se agravar cinco vezes mais a situação. O que tem até aqui vai envolver cinco vezes mais pessoas públicas, com cinco vezes mais gravidade, em todos os sentidos", disse João Dias.

O policial afirmou que atualmente reúne provas para enviar à Polícia Federal na próxima segunda-feira (24), quando prestará um novo depoimento.

Áudio
Ele disse ainda que repassou a revista "Veja" o áudio da reunião realizada em 2008, "na calada da noite", no Ministério do Esporte, em que João Dias teria informado integrantes da cúpula do ministério sobre fraudes.

"Sempre reclamei de documentos fraudados e [o audio] tem fatos que envolvem inclusive reclamações minhas sobre gerenciamento financeiro e regular de dinheiro ilícito por parte deles [alto escalaão do Ministério do Esporte], do qual nunca quis participar, sempre rejeitei", disse João Dias. Orlando Silva, segundo ele, não teria participado dessa reunião.

Denúncias
João Dias Ferreira é o pivô das denúncias contra Orlando Silva, publicadas em reportagem da revista "Veja" do último fim de semana. Em entrevista, ele disse que o ministro teria recebido um pacote com notas de R$ 50 e R$ 100 na garagem do ministério.

O policial foi preso no ano passado na Operação Shaolin, deflagrada pela Polícia Civil do DF para investigar fraudes no programa Segundo Tempo, destinado a promover o esporte em comunidades carentes. As ONGs de João Dias, relacionadas ao kung-fu, são suspeitas de desviar verba de convênios assinados com o Ministério do Esporte.

A Controladoria-Geral da União pede a devolução de mais de R$ 4 milhões repassados pelo Ministério do Esporte a entidades de João Dias.
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