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Notícias / Ciência & Saúde

OSs ficaram só com o "filé mignon" da saúde

Da Redação - Lucas Bólico

A presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Dalva Alves das Neves, afirma que as Organizações Sociais de Saúde ficaram só com o que ela chama de ‘filé mignon’ da saúde pública, com a gestão do Hospital Metropolitano de Várzea Grande, que atende apenas casos de baixa e média complexidade, enquanto o resto da saúde pública, principalmente os pronto-socorros, seguem em estado calamitoso e superlotados.

Dalva ainda afirma que não acredita que transferir a gestão dos pronto-socorros para as Organizações Sociais vá resolver o problema da saúde no estado e defende que OSs só assumam a gestão dos hospitais que virem a ser construídos. “OS no pronto-socorro não vai funcionar, selecionar paciente não é atendimento porta aberta”, argumenta.

Paralisação

Os cerca de 2 mil médicos que atuam na rede pública de saúde em Mato Grosso cruzarão os braços a partir de meia-noite de hoje, somando forças ao manifesto nacional que atingirá todos os cantos do país. Haverá suspensão total dos atendimentos eletivos do Sistema Único de Saúde (SUS) em 18 estados, em dois a paralisação será pontual e nos outros foram confirmadas apenas manifestações públicas contra baixa remuneração dos profissionais.

Para a presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindmed), Elza Queiroz, foi uma feliz coincidência a data da paralisação nacional ter caído justamente no período em que a saúde pública no Estado está no centro do debate, com a queda do teto do Hospital Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá e com o superlotamento em Várzea Grande.

No entanto, a presidente do CRM avisa que as atividades não vão ficar totalmente paradas. “Apesar da paralisação, nós vamos realizar as cirurgias que não conseguimos adiar, mas isso em respeito à população”, afirmou Dalva Alves das Neves. “O atendimento de emergências também será feito normalmente”, adiantou. Os médicos em atividade estarão com uma faixa preta em sinal de luto.

Uma das principais reivindicações do movimento é a cobrança de mais concursos públicos e uma carreira para os profissionais da saúde. Em Cuiabá, 50% dos médicos não são contratados e em Várzea Grande apenas 20% são contratados. Agora imagina como são esses números no interior do estado”, provocou a presidente do Sindmed. Para ela, a falta de vínculo empregatício do médico se reflete no atendimento ao paciente.

Está paralisação é a primeira do ano para negociar com o governo federal. O protesto ainda reivindica melhor remuneração no SUS, mais recursos destinados à Saúde Pública e uma assistência digna à população. Segundo documento apresentado pelos manifestantes, o Brasil, que tem o 7º maior Produto Interno Bruto (PIB) do mundo, é o 72º país em investimentos na saúde.
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