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Enem teve problemas de furto e erros de impressão em edições passadas

G1

Desde que o Ministério da Educação mudou o formato do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e a avaliação se tornou um dos principais meio de acesso às universidades públicas há três anos, uma série de erros compõe o histórico do exame.

Atualmente a Polícia Federal investiga um suposto vazamento de algumas questões da prova. Um estudante de 18 anos postou no Facebook fotos de cadernos de questões distribuídos pelo colégio Christus, de Fortaleza, antes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em que afirma conter pelo menos 11 questões idênticas às das provas do último fim de semana. Dois alunos do colégio também confirmaram ao G1 terem recebido o caderno com as questões idênticas às contidas na prova do Enem. O Ministério da Educação afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que "não houve vazamento da prova." O colégio disse, em nota, que tem as questões em seu banco de dados.

Furto de provas em 2009
Na estreia do novo formato do Enem, a prova foi cancelada na madrugada do dia 1º de outubro de 2009 pelo MEC, após a divulgação de que havia sido furtada de uma gráfica em São Paulo e oferecida a uma repórter do jornal "O Estado de S. Paulo." O exame seria aplicado nos dias 3 e 4 de outubro.

O vazamento prejudicou cerca de quatro milhões de inscritos e tumultuou todo o calendário de vestibulares do final de 2009 e início de 2010. O gasto com a reimpressão das provas do Enem foi estimado em 30% do valor da licitação, que foi de R$ 148 milhões, segundo o MEC.

Em consequência do vazamento, o presidente na época do Inep, Reynaldo Fernandes, pediu demissão em dezembro de 2009. Ele foi substituído por Joaquim José Soares Neto.

Em agosto de 2011, a Justiça condenou por corrupção passiva e violação de sigilo funcional quatro dos cinco envolvidos no furto e vazamento da prova. Um dos acusados, Felipe Pradella, foi condenado a 5 anos e 3 meses de reclusão em regime semiaberto. Outros dois (Filipe Ribeiro Barbosa e Marcelo Sena Freitas) foram condenados a 4 anos e 6 meses de reclusão também em regime semiaberto. O quarto réu, Gregory Camillo Oliveira Craid, teve a pena revertida em prestação de serviços à comunidade. O réu Luciano Rodrigues foi absolvido.

Segundo o processo, três dos réus (Freitas, Ribeiro e Pradella) são ex-funcionários da empresa Cetros, integrante do Consórcio Nacional de Avaliação e Seleção, contratado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), e são acusados pelo furto das provas da Gráfica Plural, onde trabalhavam. Dois deles (Craid e Rodrigues) foram apontados como intermediários que colaboraram com a prática dos crimes. Eles procuraram jornalistas para tentar vender a prova.

Erros de impressão em 2010
A edição do Enem do ano passado foi marcada por erros de impressão nas provas. O caderno amarelo com as provas de ciências humanas e ciências da natureza aplicado em 6 de novembro tinha perguntas repetidas, fora da sequência e até algumas questões de um outro modelo aplicado, a prova branca. Na folha de respostas, os cabeçalhos que indicaram as áreas de conhecimento estavam invertidos, na comparação com o caderno de questões.

Na ocasião, o MEC informou que a orientação era seguir a ordem numérica das questões, mas alguns alunos afirmam que não receberam a recomendação e, por isso, preencheram o gabarito de forma invertida.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) convidou 9.500 estudantes para fazer a nova prova, mas a maioria faltou - a abstenção foi de mais de 50%. O exame foi aplicado em 218 municípios de 17 estados. Para resolver a questão dos gabaritos, o MEC abriu espaço para que os estudantes solicitassem a correção de forma invertida.

Neste mesmo ano duas pessoas foram indiciadas por envolvimento no vazamento de informações pela Polícia Federal, em Juazeiro (BA). No segundo dia de exame, uma professora de Remanso (BA), que estava aplicando a prova, teve acesso a um texto de apoio da redação, depois que abriu um caderno de provas destinado a deficientes visuais. De acordo com a polícia, em depoimento, ela contou que, cerca de duas horas antes do início do exame, ligou para a casa de sua sogra, falou com o marido e passou o tema – "O trabalho e a escravidão" – que havia lido.

O marido, então, teria feito uma pesquisa na internet e avisado o filho, que estava em Petrolina (PE). O candidato consultou professores que estavam no local de prova, pergutando como escrever sobre o assunto.

Um desses professores denunciou o fato. Mais de dez pessoas foram ouvidas pela polícia durante os dez dias de investigações. Também foram realizadas perícias e houve quebra do sigilo telefônico dos supostos envolvidos.

Em consequência dos problemas com as provas, o presidente na época do Inep, Joaquim José Soares Neto, também deixou o cargo em janeiro de 2011. Ele foi substituído por Malvina Tuttman.
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