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Cobras de coração grande dão pistas sobre tratamento cardíaco em humanos

R7

As cobras têm má fama por serem criaturas escorregadias e de sangue frio, mas cientistas americanos anunciaram nesta quinta-feira (27) que algumas têm corações grandes que podem dar pistas para o tratamento de pessoas com doenças cardíacas.

Segundo estudo publicado na revista Science, o segredo do sucesso da píton birmanesa é a quantidade maciça de ácidos-graxos (compostos considerados “gorduras boas”) que circulam em seu sangue após a refeição – esse volume pode ser tão grande quanto de um cervo.

As pítons birmanesas são cobras largas, crescem até 8 metros e podem ficar sem comer por até um ano.

Cientistas da Universidade de Colorado, em Boulder, descobriram que, enquanto a cobra começa a digerir sua presa, óleos naturais e gorduras chamadas triglicerídeos têm um pico mais de 50 vezes acima do nível normal. Mas a gordura não fica depositada no coração da cobra, devido à ativação de uma enzima chave, que protege seu grande órgão. A massa do coração desses animais chega a aumentar até 40% nos primeiros dias após a refeição.

Os cientistas identificaram a composição química do sangue da píton depois que o animal come e injetaram plasma (componente líquido do sangue) da cobra alimentada ou uma mistura produzida para ter o mesmo efeito em bichos em jejum.

Em seguida, os cientistas aplicaram o experimento em camundongos e descobriram que os roedores que tiveram injetado tanto o plasma da píton quanto a mistura de ácidos-graxos demonstraram os mesmos resultados.

De acordo com os pesquisadores, esses compostos estimularam o “crescimento cardíaco saudável dos ratos”.

A cientista Cecilia Riquelme diz que o próximo passo é descobrir como a mistura funciona, para que possa ser um dia adaptada para ser utilizada em pessoas.

– Agora, estamos tentando entender os mecanismos moleculares por trás do processo, na esperança de que os resultados possam produzir novas terapias para melhorar as condições de saúde cardíaca em humanos.

Mas nem todo o crescimento cardíaco é bom. Condições como a cardiomiopatia hipertrófica, em que o músculo cardíaco fica mais espesso e pode causar morte repentina em atletas jovens, é um exemplo.

No entanto, o tipo de crescimento cardíaco apresentado pela maioria dos atletas de elite é um reflexo de sua saúde cardíaca.
Leslie Leinwand, professora do departamento de biologia desenvolvimental, molecular e celular da universidade americana, e diretora do estudo, diz que “atletas bem condicionados como o nadador olímpico Michael Phelps e o ciclista) Lance Armstrong têm corações enormes”.

– Mas há muitas pessoas incapazes de se exercitar por causa de uma doença cardíaca existente, portanto seria bom desenvolver algum tratamento para promover o crescimento benéfico das células cardíacas.
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