Pensando na formação prática dos seus alunos, cursos de Turismo e Hotelaria construíram hotéis nas próprias organizações de ensino. Os projetos, compostos por ambientes que simulam as situações enfrentadas no dia a dia destes profissionais, são os diferenciais em instituições como a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, a Unidade Aclimação do Senac São Paulo e a Universidade de Caxias do Sul (UCS), sendo que nas últimas duas, os laboratórios são mais segmentados e atendem também a outros cursos.

O Laboratório de Hospitalidade da PUCRS reproduz com detalhes o cotidiano de um hotel. Com uma área de aproximadamente 410 m², o laboratório possui um amplo lobby, uma unidade habitacional completa (tipo apartamento) e espaços destinados ao aprendizado de atividades pertinentes à governança e à gestão administrativa e financeira. Além da estrutura física disponibilizada aos alunos, os professores incentivam o uso de softwares específicos para a gestão dos processos e informações nestas áreas, que são adotados por grandes empresas do segmento.

O objetivo, conta a coordenadora do curso de Hotelaria, Elisabeth Ávila Abdala, é proporcionar aos estudantes as experiências com que se confrontarão ao ingressarem no mercado de trabalho. "Como cerca de 95% das disciplinas unem os aprendizados teóricos com os práticos, o estudante entra bem mais preparado na vida profissional", explica. Segundo a professora, é importante o aluno dominar as atividades de governança e recepção para conseguir coordenar uma equipe de funcionários no futuro.

Já na unidade Aclimação do Senac São Paulo, os laboratórios de Front Office e governança inaugurados no início deste ano simulam, respectivamente, a recepção e as instalações de um hotel. As técnicas de atendimento ao cliente e check-in e check-out são praticadas durante as aulas. Na representação dos quartos dos hotéis, que têm camas de casal e solteiro, toalete, rouparia, frigobar, são ensinadas as regras internacionais de recepção.

Com esses recursos, a assimilação da competência acontece de forma mais rápida e efetiva. Os alunos se mostram mais receptivos a este tipo de metodologia de ensino, afirma a coordenadora dos cursos de Hotelaria do Senac São Paulo, Monada Spinelli Ferraz Santos. Segundo ela, o objetivo é preparar os alunos para atuar corretamente nos espaços, para que os equipamentos encontrados no mercado de trabalho não sejam surpresa para o profissional e este saiba manuseá-los com conhecimento e tranquilidade.

Para Orlando Rodrigo Martins de Araujo, recém-formado no curso técnico em Hotelaria no Senac São Paulo, a experiência no laboratório foi fundamental para sua formação. "O ambiente representa com todos os detalhes o apartamento de um hotel. Com isso, tive um amplo conhecimento sobre esta área, tendo vários detalhes que fazem a diferença na hora de exercer a profissão", conta. Nos laboratórios da unidade Aclimação, Orlando exerceu diversas atividades práticas, desde a arrumação de cama com padrão internacional até a abordagem ao hóspede em casos específicos.

Com uma proposta diferente, a UCS oferece, no núcleo universitário localizado na cidade de Canela (RS), uma cabana e uma cozinha experimental. Ao contrário das outras duas instituições, a passagem pelo laboratório não é obrigatória, mas um diferencial oferecido ao estudante. "O laboratório é um apoiador para os alunos desenvolverem projetos ou pesquisas nas áreas de hospitalidade, ou mesmo as experiências para o trabalho de conclusão de curso", explica o coordenador dos cursos de Turismo e Hotelaria, professor Gilberto Bonatto. A disponibilização do espaço para outros cursos que não tenham a ver necessariamente com hospitalidade também é possível. "Agora temos um grupo de graduandos do curso de Administração aplicando uma pesquisa sobre orçamento doméstico e usando, para isso, a cabana experimental", conta Bonatto.