Dos R$ 124 milhões anunciados pelo governo federal para o combate ao crack, em 2010, apenas R$ 5 milhões foram de fato gastos até o final do último ano. O dado alarmante faz parte de uma pesquisa intitulada  A Presença do Crack nos Municípios, apresentada pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), e que demonstra o descompasso do poder púbico federal entre o discurso e a prática no combate ao entorpecente.

"O governo tem que parar com o discurso e adotar uma política efetiva de combate ao crack a começar pela execução orçamentária, que é praticamente nula. Os governos são omissos e falta vontade política", disparou o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski durante entrevista coletiva, em Brasília.

Entre os governos dos 26 estados e do Distrito Federal, a situação é semelhante. O orçamento de 2010 dos estados destinou apenas R$ 23 milhões para o combate ao crack, sendo R$ 10 milhões empenhados apenas pelo Rio Grande do Sul.

"Assistimos e falamos que a execução orçamentária é nula. Não achamos outras fontes de recursos pro parte do governo federal. Não há informações. Os municípios estão sobrecarregados porque é lá que precisa haver tratamento ao usuário", aponta.

Segundo a pesquisa divulgada pela CNM, 70% das prefeituras ouvidas relatam que as drogas causam impacto financeiro na saúde pblica, na segurança, na educação e na assistência social. De acordo com o líder municipalista, o governo federal e os estados não procuram os municípios para definir uma estratégia conjunta contra o crack e outras drogas.

"Os municípios possuem as informações, mas não são ouvidos sobre como combater o consumo de drogas. Por isso, vamos enviar esta pesquisa ao Congresso Nacional e aos governos federal e estaduais para exigirmos ações efetivas", prometeu.