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Notícias / Copa 2014

Fifa critica atrasos em infraestrutura para Mundial

Reuters

O secretário-geral da Fifa, Jerôme Valcke, criticou nesta terça-feira a infraestrutura e a mobilidade urbana de cidades que vão sediar a Copa do Mundo de 2014 no Brasil e reclamou de atrasos nas obras para melhorar esta situação.

Valcke avaliou que os estádios estarão prontos a tempo do evento, embora ainda acredite que alguns problemas precisem ser resolvidos.

O segundo homem na hierarquia da Fifa disse ainda que propôs em conversa recente com a presidente Dilma Rousseff uma categoria de ingressos mais baratos para o Mundial, para contornar a discussão em torno da meia entrada para estudantes.

'Viajar no Brasil não é fácil... se deslocar em São Paulo é um pesadelo', exemplificou Valcke durante audiência pública em comissão criada na Câmara dos Deputados especificamente para analisar a Lei Geral da Copa, conjunto de regras para a organização do Mundial no país.

'Estamos atrasados, não podemos perder mais nem um dia.'

Já o novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, afirmou que os problemas com a infraestrutura serão resolvidos.

'Tenho absoluta convicção de que estaremos com o Brasil plenamente preparado para a Copa', disse Rebelo, em entrevista coletiva após um almoço com o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), Valcke, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador Local da Copa, Ricardo Teixeira, e diversos parlamentares.

Maia, que também concedeu entrevista, afirmou que a intenção é aprovar a Lei Geral da Copa 'o mais rápido possível.'

'Hoje foi expressa a opinião do Parlamento brasileiro de nós darmos celeridade...na tramitação da Lei Geral da Copa na Câmara dos Deputados e posteriormente no Senado', afirmou.

O secretário-geral da Fifa confirmou ainda que em conversa com Dilma em Bruxelas, no início de outubro, propôs uma categoria de bilhetes mais baratos, para contornar o a questão da meia entrada para estudantes, um dos pontos polêmicos para a Fifa na Lei Geral da Copa.

A cota de bilhetes mais acessíveis, segundo Valcke, seria uma nova categoria de ingressos que custariam em torno de 25 dólares e compreenderia cerca de 10 por cento dos bilhetes oferecidos na primeira fase do torneio.

'É verdade que a Fifa não gosta dessa meia entrada. Então, quando encontramos com a presidente Dilma, ela mostrou que a meia entrada para idosos é uma lei nacional e não queremos mexer na lei nacional', explicou o secretário-geral a deputados.

'Falei para ela (Dilma). Ao invés de haver diferentes grupos com direito a meia entrada, propus que implantemos uma categoria 4 (de ingressos com preços mais acessíveis), reservada apenas para os brasileiros', disse Valcke, acrescentando que os estudantes poderiam ser encaixados nessa categoria.

SOBERANIA

A Lei Geral da Copa tem causado polêmica na Câmara dos Deputados. Representantes de entidades de defesa do consumidor e da sociedade civil criticam o projeto enviado pelo Executivo ao Congresso.

Representantes dos Comitês Populares da Copa, formados por organizações e movimentos sociais, entregaram cartas aos deputados, durante a audiência, pedindo que não aprovem o projeto, sob o argumento de que da forma que está fere a soberania nacional ao firmar regras 'de exceção' para a realização dos jogos e ao conceder poderes excessivos à Fifa.

'Não faz sentido uma legislação que garanta privilégios a um particular, ainda mais estrangeiro, em caráter jamais visto no país, subjugando inclusive o Estado', diz o documento.

Teixeira, afirmou que a soberania do país não está sendo questionada e que a Copa trará benefícios financeiros e sociais ao Brasil.

Ele disse acreditar que as divergências em relação à legislação brasileira serão resolvidas e também alertou os deputados sobre o prazo.

'Algum conflito daqui ou dali em relação ao direito do consumidor acho que é plenamente resolvível... agora, acho que temos o dever de organizar uma Copa inesquecível, que servirá para consolidar ainda mais a imagem do país no exterior', declarou. 'O tempo não está mais ao nosso lado.'

Sobre as acusações de contra Teixeira, que está sendo investigado pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro e outros crimes financeiros, Valcke limitou-se a dizer que 'em uma democracia, se você está sob investigação, isso não significa que você está condenado'.

O secretário-geral da Fifa defendeu ainda a proteção comercial às empresas que têm acordos com a federação que comanda o futebol mundial.

'O conjunto (de investimentos) é feito por nossos parceiros comerciais, o que explica porque temos que proteger os nosso parceiros comerciais', explicou Valcke, ressaltando que pequenos vendedores ambulantes não serão proibidos de circular ou punidos.

Segundo ele, o foco da proteção comercial são grandes marcas que tenham ações organizadas e 'premeditadas' no perímetro definido pela Fifa ao redor de estádios.
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