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Com ocupação da Rocinha, tráfico deve perder R$ 100 mi por ano

R7

Com a ocupação da Rocinha (zona sul do Rio), principal centro distribuidor de drogas para bairros ricos da capital fluminense, o tráfico deve deixar de ganhar cerca de R$ 100 milhões por ano. Por semana, o faturamento estimado com a venda de drogas na comunidade é de R$ 2 milhões. A quadrilha chefiada por Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, lucra principalmente com a venda de cocaína, considerada com maior grau de pureza do Rio.

Após ser preso ao tentar fugir da Rocinha, Nem disse em depoimento à Polícia Federal que ao menos metade do que ganhava com a venda de drogas era entregue a policiais na forma de propina. Ele informou à PF o nome de alguns dos policiais - civis e militares - suspeitos de pegar o chamado "arrego", assim como as delegacias e batalhões em que eles atuam.

A expectativa é de que forças de segurança ocupem as favelas da Rocinha e do Vidigal no próximo domingo (13), com homens do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e do Batalhão de Choque, para a implantação de mais uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). Veículos blindados da Marinha também devem ser usados na operação.

Nem é atendido em UPA sob escolta de 40 seguranças armados...De acordo com investigações da Delegacia da Gávea (15ª DP), além de vender cocaína, a Rocinha refina a pasta-base e vende a droga na forma de pó. A comunidade é responsável por abastecer a zona sul do Rio, área mais rica da cidade, além de outros bairros como a Tijuca, na zona norte.

Na Rocinha, a droga é refinada e embalada. De lá, vai para outras comunidades da mesma facção de Nem. Policiais que trabalham em delegacias especializadas e que investigam a Rocinha dizem que as refinarias da comunidade, que seriam pelo menos três, também refinam cocaína para favelas controladas por outras facções criminosas, consideradas rivais.

Com população estimada em 70 mil moradores, a Rocinha tem ao menos 200 traficantes e um arsenal estimado em 150 fuzis. Conforme o R7 publicou na última quinta-feira (10), a Polícia Civil recebeu informações de que policiais estariam ajudando Nem a retirar armas e drogas da comunidade, para evitar um prejuízo ainda maior.

Em abril deste ano, investigações da Polinter, da Polícia Civil, revelaram que pelo menos cinco empresas que funcionavam dentro da comunidade e em bairros da zona sul serviam para lavar o dinheiro do tráfico. Seriam autopeças e lava a jato, em nomes de laranjas, parentes e pessoas próximas a Nem.

Além das empresas, a polícia investigava se o dinheiro adquirido com a venda de drogas da Rocinha era usado para a compra de imóveis. Outra hipótese considerada pela polícia é de o tráfico explorar serviços, como transmissão clandestina de TV por assinatura, e de ter participação nos lucros da venda de produtos piratas comercializados na favela.
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