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Disque-Denúncia recebe 161 ligações sobre traficantes no RJ

G1

O Disque-Denúncia recebeu neste domingo (13), até às 15h, 161 ligações com informações sobre onde estariam os suspeitos de tráfico das comunidades da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, na Zona Sul do Rio. Desde quarta-feira (9), foram recebidas 438 denúncias.

Segundo o Dique-Denúncia, os principais destinos, segundo as ligações, seriam as comunidades do Urubu em Pilares e Pedreira na Pavuna, no subúrbio, e no Complexo de São Carlos, no Estácio, na Zona Norte do Rio.

Ainda de acordo com o Disque-Denúncia, as denúncias são de locais de esconderijo de traficantes, arsenais, endereços de criminosos e estabelecimentos usados para lavagem de dinheiro. Outras informam sobre atuação de bandidos da Rocinha em outras comunidades. Há informações também sobre a presença de traficantes em outros municípios como Caxias e Belford Roxo, na Baixada Fluminense e Niterói, na Região Metropolitana.

A polícia pede ainda que a população continue colaborando. "Denunciem e ajudem. A população pode ligar para o Disque-Denúncia (2253-1177) ou para o 190 para nos ajudar a localizar criminosos, armas e drogas. Permaneceremos nas comunidades por tempo indeterminado", disse o chefe de Estado Maior Operacional da Polícia Militar, coronel Pinheiro Neto.

O anonimato é garantido. Todas as denúncias estão sendo encaminhadas para o Serviço de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública (Seseg).

Operação Choque de Paz
As comunidades da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu foram ocupadas pacificamente pelas autoridades policiais, na manhã deste domingo (13), durante a Operação Choque de Paz. Segundo o governo do Rio, a ocupação havia sido planejada há vários meses pelo serviço de inteligência das forças de segurança. Cerca de três mil policiais participaram da ação.

A chefe de Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegada Martha Rocha, disse que a Operação Choque de Paz devolveu o território aos moradores. A delegada fez um apelo aos moradores para que continuem ajudando a polícia, fazendo denúncias sobre possíveis criminosos que ainda estejam nas comunidades.

"Esses moradores recebem de volta esse território. Peço às mulheres que não deixem de nos informar a localização de drogas, armas e traficantes", disse a chefe de Polícia Civil. "Mulheres da Rocinha deem informações, tragam notícias e nos permitam cada vez mais fazer essa grande varredura na devolução desse território a quem pertence, que é o povo da Rocinha."

Blindados e helicópteros
Ainda era de madrugada quando equipes, carros blindados e helicópteros começaram a movimentação para invadir a Rocinha. Moradores foram orientados a não deixar suas casas para evitar ficar um possível confronto armado entre policiais e traficantes. Mas, ao contrário do que se imaginava, a retomada do território aconteceu de forma tranquila, sem que nenhum disparo tenha sido feito.

No total, cerca de 3 mil homens participaram da operação, que contou com apoio de 6 blindados da PM ("Caveirão"), 18 blindados da Marinha, 4 helicópteros da PM e outros 3 da Polícia Civil.

Criminosos tentaram colocar barricadas e jogaram óleo na pista, mas isso não pediu a chegada das tropas ao alto do morro. Homens estrategicamente posicionados nos principais acessos da comunidade ajudaram a evitar o fogo cruzado.

“Às 4h deste domingo, uma coluna com 18 blindados e cerca de 700 homens avançou pelas vias das comunidades para começar a inserção dos homens. Às 4h30 ocorreu a chegada às comunidades, incluindo o uso de helicópteros com câmera de observação térmica. E às 6h, nossos homens informaram que todas as comunidades ocupadas já estavam sob controle", afirmou o coronel Pinheiro Neto, chefe de Estado Maior Operacional da Polícia Militar.
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Balanço parcial
O balanço total de presos e apreensões ainda não foi divulgado. A Secretaria de Segurança Pública informou, pelo Twitter, que desde o início da operação (1º de novembro), oito suspeitos foram mortos e 34 presos, entre eles um policial militar e três civis. Sete menores foram detidos.

Ao todo, 3.086 sacolés de cocaína, 1.519 pedras de crack, 355 papelotes de cocaína e 537 trouxinhas de maconha foram apreendidos.

A polícia também recolheu 33 armas e nove granadas. Só neste domingo, foram encontradas 13 armas, sendo 12 fuzis e uma submetralhadora, carregadores e munição.

Já a Polícia Civil apreendeu na Rocinha, desde o início do mês, 31 motos, 21 mil CDs e DVDs piratas, 4,5 mil peças de vestuário, 100 pares de tênis e 1,3 mil brinquedos que eram vendidos de forma irregular. Os policiais civis também encontraram rojões de artilharia antiaérea e radiotransmissores

Policiais da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) apreenderam 10 rojões utilizados para derrubar helicópteros, sendo que quatro deles já estavam prontos para uso. O material foi encontrado na Rua Umuarama, na Favela da Rocinha.

Rocinha
Localizada entre os bairros da Gávea e de São Conrado, a Rocinha tem, atualmente, 69,3 mil moradores, segundo dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que ocupam uma área de 864.052 m².

A comunidade tem 3 escolas e 3 creches municipais, 1 Ciep, 11 unidades de saúde, um centro de assistência social e duas praças .De acordo com um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a Rocinha é a região administrativa da cidade que tem a população com menor nível de escolaridade entre todas do município do Rio de Janeiro.
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